O filme
“Procura-se Susan
Desesperadamente”(Desperately Seeking Susan) foi um filme norte-americano de
1985, um drama-comédia dirigido por Susan Seidelman e estrelado
por Rosanna Arquette e Madonna. Passado em Nova York, o enredo
envolve a interação entre duas mulheres - uma dona de casa entediada e outra
que só quer diversão - ligadas por vários anúncios na coluna pessoal de um
jornal. Este foi o primeiro papel
importante na carreira de atriz de Madonna, que logo depois do filme viu a
carreira musical explodir em todo o mundo graças a música que ela canta no
filme "Into the Groove" , que posteriormente faria parte do
álbum de grande sucesso “Like a Virgin”, marcando o começo do domínio de
Madonna nas paradas internacionais e coroando ela como a nova "Rainha do
Pop" . Por causa da Madonna, o filme se tornou cult da década de 80, e o jornal The New York Times chegou a
colocar o filme entre os 10 melhores daquela década que rendeu no mundo todo
mais de 7 vezes em bilheterias o seu custo de produção.
O musical
Em 2007, “Procura-se Susan Desesperadamente” foi
transformado em uma peça de teatro fazendo sua estréia no West End de Londres
em outubro daquele ano, só que ao invés das músicas da trilha sonora original,
agora são as icônicas canções da banda Blondie que faziam parte do
repertório. O teatro escolhido para estréia em palcos londrinos foi o
Novello Theater.
Em 10 de julho de 2007, Debbie Harry e os também membros
do Blondie, Chris Stein e Clem Burke, compareceram a conferência de imprensa no
restaurante Sketch em Londres,Reino Unido para falar sobre o lançamento da peça
ao lado do elenco. O novo elenco incluiu a atriz Emma Williams (na época com 24
anos), encarnando Susan no musical, enquanto
a atriz e cantora Kelly Price, que recentemente participou de "Guys
and dolls", foi convidada para encarnar a personagem Roberta Glass, uma jovem
dona de casa que fica fascinada pelo estilo de vida da personagem do título.
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Membros do Blondie com o elenco londrino de "Procura-se Susan Desesperadamente" |
Sobre o musical, seria dirigido por Angus Jackson,
baseado na ideia e roteiro do americano Peter Michael Marino, Debbie Harry, (a
época com 62 anos), disse ser "emocionante" participar de um musical
"despretensioso" e que "a história bate perfeitamente com as
letras". Segundo Debbie Harry: "Achei que (o musical) era uma ideia boa, verdadeiramente inteligente,
eu gostaria que, depois de Londres, o espetáculo fosse montado na
Broadway". O apoio de Debbie a peça, com o uso das famosas músicas
do Blondie, também é sentido com a inclusão de uma música inédita escrito por
ela especialmente para o musical e reiterou que a famosa música de Madonna,
"Into the Groove" não seria incluída na peça: “Nós não incluiremos isto . Eu escrevi uma
nova música para a produção, 'Moment Of Truth', mas não tenho certeza onde ela
entrará na história." Quando perguntada sobre uma colaboração entre ela e Madonna,
Debbie foi clara: “Não na minha opinião, não”. E sobre a participação da banda
ou dela na peça, ela também negou, apesar de apoiar totalmente: "Nós não
vamos subir no palco, mas nós estaremos bem na frente torcendo por eles",
finalizou Debbie com um grande sorriso no rosto.
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Debbie Harry com as atrizes Emma Williams e Kelly Price |
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Emma Williams e Kelly Price |
Infelizmente a estréia para a imprensa não aconteceu na
data programada, em um comunicado emitido pela produção da peça em Londres :
"Devido às exigências técnicas do show, os produtores cancelaram as duas
primeiras prévias em 12 e 13 de outubro, mas acrescentaram uma nova
apresentação em 16 de outubro, para permitir mais tempo para os ensaios
técnicos no palco".
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Rosanna Arquette chega para conferir a premier em Londres |
A estreia oficial se deu apenas a partir do dia 15 de
Novembro, mas desta vez sem a presença de Debbie ou do Blondie. Apesar da
produtora Susan Gallin dizer
anteriormente que se encantaria com a presença de Madonna também, apenas a
atriz original do filme, Rosanna Arquette foi conferi-la. Ela, que desde da
estreia do filme decidiu trabalhar apenas nos bastidores, com direção de
cinema, falou com a imprensa e afirmou que o musical " é muito divertido,
Me surpreendi! É inevitável pensarmos: como vão adaptar um filme ao teatro? Mas
aqui conseguiram uma obra divertida, que mistura dança com bons diálogos.” Sobre Madonna, Rosanna disse que “é
muito divertido ver como se desenvolveu com os anos”, e comentou que sua
carreira “explodiu” depois do filme.
Infelizmente, a crítica no dia seguinte foi implacável.
Nicholas Blincoe, crítico do jornal "The Guardian", escreveu que
" Se o prazer do teatro é a emoção da experiência ao vivo, há um
corolário: um desempenho doloroso é ainda mais horrível porque está acontecendo
bem ali, na sua frente."...e continuou o massacre: " Piruetas, saltos
e cliques nos dedos do West Side Story não combinam com o idioma punk...
Durante a primeira metade do show, meu constrangimento e desconforto
aumentaram. Os atores e bailarinos corriam de um lado para o outro, sorrisos
congelados em suas cabeças. Eu sorri de volta congelado. Pelo menos eu sabia,
eu só tinha que esperar chegar ao intervalo..."
Charles Spencer,
crítico do jornal "The Telegraph", também não perdoou
..." Nenhuma dessas fantasias de pesadelo poderia ser muito pior do que
essa lição abjeta de cinismo do tipo "pegue o dinheiro e corra",
sempre que um número musical aparece, você fica coçando a cabeça, imaginando o
que a música tem a ver com o show. Ao mesmo tempo, Marino tem sido absurdamente
fiel ao roteiro sem brilho da imagem original, de modo que a ação permeia uma
sucessão de pequenas cenas desconexas, alarmantemente desprovidas de energia e
de ponto dramático...".
O massacre da crítica londrina seguiu ao desempenho
mediano nas bilheterias. O público não correspondeu a peça. Em 7 de dezembro,
após um mês em cartaz, a peça foi cancelada com um prejuizo de U$ 7 milhões por
causa do fracasso nas bilheterias. Os produtores de “Desperately Seeking Susan”
acabaram pedindo desculpas publicamente: "Os produtores desejam agradecer
ao elenco talentoso, equipe criativa e companhia por todo seu trabalho e
dedicação a esta produção. Apesar de performances fantásticas e audiências
entusiasmadas, as vendas de ingressos não foram suficientes e os produtores
tiveram que tomar a difícil decisão de fechar o show. "
O Fracasso
Posteriormente, Debbie Harry falou na biografia não
oficial do Blondie, "Vidas Paralelas" (Dick Porter):
"Apresentaram-me a ideia e o roteiro. E a minha primeira reação foi
'Blergh'. Não sou lá uma grande fã de teatro musical, que na verdade não faz
parte do meu mundo. Vi peças ao longo dos anos e uma das favoritas de todos os
tempos foi 'Guys and Dools', mas de maneira geral, não tenho muito
conhecimento. No entanto, quando sentei e li o roteiro, pensei sobre aquilo
tudo, com nossas músicas se encaixando, pensei, "É, isto parece bem
legal", e fiquei surpresa de verdade ao ver como funcionava bem. São dois
elementos ótimos, se juntando, e antes de qualquer coisa, é muito
divertido."
Sobre o criador e produtor Peter Michael Marino, Debbie
disse: "Ele é muito, muito doido. Ele adora Broadway e adora teatro
musical. Uma noite ele estava em sua casa assistindo ao filme "Procura-se
Susan Desesperadamente", tirou o som da TV e começou a tocar músicas do
Blondie em diferentes pontos do filme e pensou, "Uau, isto funciona de
verdade". Então ele escreveu tudo e compraram os direitos para montar a
peça."
Para o novaiorquino Peter Michael Marino as críticas
brutais, "Foram horríveis. Minha família tinha vindo para a estreia em
Londres e foi humilhante. Eu acabei
chorando todo voo de volta para casa. A experiência causou uma profunda
depressão - Eu não saí do meu apartamento por um ano e pensei seriamente em
fazer outra carreira ”. Marino disse que houve problemas durante a produção,
Joe Mantello, iria dirigir a peça, mas antes dos ensaios começarem, Mantello
foi substituído pelo diretor britânico Angus Jackson, enquanto durante o
período de pré-estréia foi indicado o “show doctor”, o coreógrafo britânico
Anthony Van Laast, que havia trabalhado no megahit Mamma Mia!
Em que ponto Marino suspeitou que estava indo mal? “No
primeiro ensaio eu iria participar - Angus me pediu para não ir nas primeiras
três semanas - eu senti que não era tão vibrante quanto eu tinha escrito. E os
produtores queriam algumas linhas alteradas porque achavam que o público de
Londres não entenderia. Por exemplo, em vez de se referir ao Lower East Side,
eles queriam "o Lower East Side de Nova York". Foi um musical de Nova
York, pelo amor de Deus!"
Uma série de discussões acaloradas e e-mails entre Marino
e os produtores seguiram, durante os quais ele descobriu muitas diferenças
culturais entre americanos e britânicos. "Somos conhecidos por sermos
grandes pessoas, mas acho que os ingleses não necessariamente dizem o que
querem dizer. Eu aprendi que "sim" significa apenas "eu ouvi
você", e silêncio significa "não". "Ele não se decepciona,
no entanto. "Eu era incrivelmente apaixonado no começo, mas acabei me
tornando um idiota."
Há rumores de que o diretor e o coreógrafo, Andy
Blankenbuehler, pulou fora e o elenco e a equipe criativa se dividiram em
vários campos à medida que as tensões aumentavam. Marino diz que ele mantem
ainda perto do elenco ("Eu ainda tenho amigos entre eles"), embora
ele tenha se assustado quando encontrou um aviso nos bastidores dizendo:
"Isso afundará como o Titanic". Marino diz secamente: "Eu sei
quem escreveu isso. Ele não foi convidado para a noite da imprensa". Mas o que ele acha que deu errado? “Um monte
de coisas. Mas não foi minha escolha reservar um teatro no West End
imediatamente - presumi que a cidade ficaria sem saber o que funcionava e o que
não funcionava. Eu confiei nos produtores por conhecer o West End melhor do que
eu." Sobre ter investido dinheiro
na peça e perdido dinheiro, ele foi claro sobre isto. "Graças a Deus,
não", diz ele. "Só minha alma".
Renascimento em Tóquio
Marino não desistiu facilmente, dois anos depois ele
reescreveu o material da peça (sem a interferência da produção londrina) e
conseguiu vender os direitos para uma importante companhia de teatro japonesa ,
a lendária Toho Company. Em janeiro de 2009, a peça reestreou agora com elenco
japonês no Theatre Creation de Tóquio e desta vez foi totalmente bem sucedido e
teve boas críticas no Japão. Ele traduziu o material e trabalhou com o
notável diretor japonês G2. Ele
conseguiu inclusive um bom retorno financeiro no extremo oriente com esta peça.
Marino que estava enfrentando uma grande depressão e tomando remédios para
isto, voltou totalmente revigorado de Tóquio. O público e a crítica havia
gostado. Ao voltar a NY, a primeira coisa que fez, foi jogar seus remédios
anti-depressivos fora. Isto deu uma nova confiança a ele.
Infelizmente, o Blondie não licenciou novamente as
músicas do show. Outro choque duro para Marino. Mas ele espera que eles possam
fazer isto no futuro e gostaria de ver a peça licenciada e executada em todo o
mundo. Ou nas escolas secundárias. Ou acampamentos de verão.
Procura-se Desesperadamente uma Saída...

A experiência negativa de Peter Michael Marino com o
musical "Procura-se Susan Desesperadamente", levou a um novo projeto na qual Marino faz uma performance
teatral na forma de um Stand Up comédia falando de suas experiências
fracassadas com a peça. Nada como rir da própria desgraça...Assim nasceu em
2012 , "Desperately Seeking the Exit" nome tirado de uma das severas
críticas que recebeu pelo musical.
Durante a peça Marino conta todo o conto sórdido, desde o nascimento de
uma peça musical morta em Londres e vida após a morte bem-sucedida em Tóquio,
até o relacionamento do autor com Debbie Harry e a própria Madonna, contado como uma impiedosa disputa do ramo da
arte.
Peter começou a apresentar sua comédia solo com base em
sua experiência, em Nova York, Hollywood, Long Lake e Manchester, e depois no
Reino Unido. Recebeu críticas de 5 estrelas no Edinburgh Fringe 2012, onde foi
nomeado um dos “Top 5 Fringe Shows” pelo The Stage. Esta comédia solo
transferida para o Leicester Square Theatre em Londres para uma temporada de
quatro semanas de 2013, após as paradas em Brighton, Ft. Myers, Flórida e
Adelaide, Austrália - onde foi nomeada Melhor Comédia pelo Anunciante. O show teve
uma lotação esgotada no Edinburgh Fringe 2013 e foi nomeado Top 5 Solo Shows
pela Fringe Review e recebeu mais críticas de 4 estrelas. Em 2014, ele levou o
show para Nova Iorque e Orlando, com as apresentações finais na Filadélfia no
outono de 2014.
Em 2008, Marino ampliou o show, para celebrar os 10 anos
da peça original, ele convidou alguns integrantes da equipe e elenco original
da peça londrina para uma leitura sobre o fracasso da mesma no stad up ao vivo.
Marino postou no Soundcloud a trilha a sonora do show incluindo a música inédita "Moment Of Truth" (escrito por Debbie Harry, exclusivamente para a trilha).
Fontes: O Globo, Estadão, UOL, Folha de S.Paulo