quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Discografia completa revista - Talk Talk (1982 - 1998)





Uma banda bastante subestimada dos anos 80, que ficou conhecida mundialmente por um hit, "It's my Life" (regravada depois pela banda No Doubt), o Talk Talk foi for formada pelo vocalista Mark Hollis (1955 - 2019), um cantor excêntrico, guitarrista que tinha um jeito peculiar de cantar, parecendo que estava chorando mas que ao mesmo tempo transmitia uma emoção bastante diferente das bandas daquele período dos anos 80. Ele fundou a banda em 1981, no ano seguinte lançou seu primeiro álbum de um total de 5. Em 1991 a banda teve suas atividades encerradas, ele chegou a voltar em carreira solo, mas abandonou tudo pra viver com a família, até falecer em 2019, e seu legado passou a ser revisto. Completaram a formação da banda, Lee Harris (baterista), Simon Brenner(teclado) e Paul Webb (baixo).


The Party's Over (1982) - Este álbum debut do Talk Talk, foi produzido  Colin Thurston (ex-engenheiro de som de David Bowie e produtor dos primeiros álbuns do Duran Duran). Um álbum que desde a capa bacana, remete muito ao movimento New Romantic (na qual Depeche Mode, Duran Duran e Spandau Ballet, estavam inseridos no começo da carreira), um bom synthpop bem trabalhado com misturas de new waves, ophisti-pop e art pop, na qual os teclados eletrônicos criam um ambiente envolvente nas músicas. 

O álbum teve algumas músicas de sucesso pela Europa, Nova Zelândia, África do Sul, mas não conseguiu ser sucesso em casa, no Reino Unido. Apesar de tudo é bem interessante. Faixas muito boas, gosto de "Talk Talk" homônima da banda, "Today" é outra bom batida boa e refrão forte. "Have You Heard the News?" também merece seu destaque...



It's My Life (1984) - O segundo álbum do Talk Tallk, agora sem o tecladista Simon Brenner, que saiu após o primeiro álbum, aqui substituído por Tim Friese-Greene (não creditado como membro). Na verdade, um álbum melhor que o anterior, e desta vez, com um hit que conseguiu alavancar bastante as vendas, a faixa homônima, "It's My Life" , cujo clip na MTV, fez grande sucesso, uma década depois No Doubt e o grupo sueco Gigabyte regravaram com sucesso também. Outra música bem trabalhada, é  "Such a Shame", que foi TOP 10 em alguns países. "Dum Dum Girl", também teve uma leva boa de sucesso dentro da Europa. O álbum tem vários elementos do Synthpop, new wave, art pop e progressive pop. Aquele jeito peculiar e quase chorando do Hollis cantando, continua. Eu ainda gostei de "Renée" e "Tomorrow Started". 



The Colour of Spring (1986) - Lançando praticamente um álbum a cada dois ano, o Talk Talk lançou seu terceiro álbum, com uma nova guinada nas músicas. Deixando de lado o New Romantic e se distanciando da New Wave, mas abraçou mais o Progressive Pop e o Experimental Pop, com uma pegada mais jazzísticas nas músicas, somado ainda a forma de cantar de Hollis. O foco das músicas foi menos o synth pop, mas nas guitarras, pianos e órgãos em músicas como  "Life's What You Make It"( música muito boa), "Living in Another World"(melhor música do álbum) e "Give It Up" com um som muito mais orgânico do que seus discos anteriores, com a improvisação que dominaria em seus trabalhos posteriores já aparente no processo de gravação. A faixa final, mais melódica, tenta resgatar ainda um pouco de um syth new wave, "Time it's Time".

Então, podemos dizer que mesmo com a mudança musical da banda, ainda se consegue ter algumas músicas legais, mesmo que isto não seja visto na maior parte deste álbum. Ainda sim, vale uma escutada pelas músicas que citei.



Spirit of Eden(1988) - Quarto álbum...e a banda desencana de vez do synthpop...total. Seguindo a tendência do anterior, mas de forma mais radical, muitas vezes trabalhando no escuro, a banda gravou muitas horas de performances improvisadas que se basearam em elementos de jazz, ambiente, blues, música clássica e dub. Essas gravações de formato longo foram então fortemente editadas e reorganizadas em um álbum em formato digital. Uma mudança radical...e uma decepção comercial para seus fãs, que não gostaram do resultado...e eu inclusive achei bem fraco. Posteriormente em uma releitura tardia em tempos atuais, alguns críticos citam o álbum como um progenitor inicial do gênero pós-rock. Musicas com suítes longas e jazzísticas ... Talvez alguns poderão gostar como música de relaxar, mas a voz do Hollis, continua a mesma, com voz de choro em músicas lentas...Não consigo citar qual música é interessante....




Natural History: The Very Best of Talk Talk
(1990) - Coletânea da banda Talk Talk, mais uma imposição da gravadora EMI, do que desejo da banda que não tem qualquer supervisão e apoio de Hollis se dizendo contra lançar coletâneas. Destaque aqui para  "My Foolish Friend", lançado em single e que não está em nenhum álbum oficial. É apoiada bastante nos singles de sucesso dos 4 primeiros álbuns. Como a banda teve vida curta, serve de referência pra quem conhecer mais a banda. Vale bastante a pena.





Laughing Stock
(1991) - Quinto e último álbum de estúdio do Talk Talk, aqui reduzido a um duo, já que o baixista Paul Webb, abandona a banda no início dos anos 90.  Mark Hollis, corre quase totalmente para um álbum baseado em jazz ou um rock mais lento (um pós-rock com art rock) e no experimentalismo, as exigentes sessões foram marcadas pelas tendências perfeccionistas de Hollis e pelo desejo de criar uma atmosfera de gravação adequada, após este álbum, que teve baixa aceitação entre seus fãs e publico em geral, logo depois Hollis põe fim ao grupo. Mas teve vários críticos especializados na época que escreveram que o álbum era um divisor de águas para o gênero pós-rock na época de seu lançamento. Pitchfork nomeou-o o décimo primeiro melhor álbum da década de 1990, dizendo que "cria seu próprio ambiente e se torna mais do que a soma de seus sons". Mas escutando o mesmo, assim como o anterior, Spirit of Eden, ele soa como algo de despedida, muito centrado no piano e instrumentos acústicos e até a voz do Hollis, mesmo melancólica, deixa um pouco o lado de 'choro' que permeou a maior parte de sua discografia. Eu no meu ver, achei fraco. Não sei, talvez alguns acham mais relaxantes. Então foi uma boa hora de acabar com a banda...



Bonus:

 


Mark Hollis
(1998) - Primeiro e único disco solo de Mark Hollis, era pra ter sido um disco do Talk Talk, mas Hollis decidiu que seria apenas um trabalho seu(mesmo porque já nem tinha banda mais...). Alias, 7 anos separam este trabalho solo do anterior, fazendo que muitos pensassem que Hollis havia desistido da música. Em verdade ele começou um período de reclusão e ficar mais com a família após o quinto álbum do Talk Talk e quando teve vontade de gravar mais um álbum, foi depois de muito tempo. E seguindo a tendência desde Spirit of Eden e Laughing Stock, Hollis se desfaz totalmente de qualquer eletrônica e parte para algo acústico pianíssimo e jazzístico. Um som bastante minimalista. Assim, como o trabalho anterior, não é realmente minha praia. Dá pra ouvir como álbum pra relaxar se gostar de um ambiente sonoro intimista. Infelizmente, Hollis volta a dedicar totalmente a família, abandona a música (apenas algumas colaborações com outros artistas), ele chega a ir morar no Líbano e depois volta para a Inglaterra se estabelecendo no interior, onde veio a falecer prematuramente em 25 de fevereiro de 2019, aos 64 anos vitima de um câncer...


Conclusão: Bastante subestimada durante seu auge nos anos 80, talvez por causa da grande concorrência com grandes nomes da cena New Wave como Duran Duran, Tears for Fears, New Order, The Smith, Depeche Mode, Pet Shop Boys entre outros, alguns anos depois e principalmente após o falecimento de Hollis, veio uma consagração tardia por parte de publico e críticos...a banda não foi apenas "It's My Life ", seu single e maior sucesso e clip bastante executado na MTV e regravado pelo No Doubt. Muitos pensam que foi uma 'one hit only band', o que não é verdadeiro. A chance de se escutar todo a sua discografia, é uma grande oportunidade de conhecer muitas outras canções legais e também conhecer a ultima fase minimalista e jazzística que Hollis produziu. Creio que escutar uma coletânea é um bom começo.


Nota para banda :  3 de 5

Nota para Composições: 4 de 5

Muito mais do que "It's My Life "



terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Discografia completa revista : EURYTHMICS (1980 - 2005)

 


O Eurythmics foi um duo musical britânico formado em 1980 por Annie Lennox e Dave Stewart e ficou ativo durante toda a década de 80 até 1991, quando Lennox começou uma carreira solo e Stewart passou a trabalhar em produção musical de outros artistas. Mas esporadicamente trabalharam algumas vezes mais em apresentações especiais ou singles. Agora em 2022, a banda foi merecidamente induzida no Rock'n'Roll Hall of Fame. O grupo é originário de outra banda anterior, na qual Lennox e Stewart (então um casal) participavam, o The Tourists, que entre 1978 a 1980, lançaram 3 álbuns. Para melhor conhecer este grupo, na qual não iremos aprofundar em análise, uma escutada da coletânea "The Tourists - The Greatest Hits" (1997). O maior sucesso da banda, que chegou a ganhar single de Ouro, foi a regravação de "I Only Want to Be with You" (posteriormente faria sucesso na década segunda em uma versão dance na voz da Samantha Fox), outro destaque é o single "So Good to Be Back Home Again". O restante da coletânea mostra uma banda solida com Lennox, cantando muito bem, mais ainda com uma capacidade inferior do que seria sua banda seguinte. Um rock new wave gostoso, sem muita eletrônica, presente sutilmente em algumas faixas e uma variação de estilos. 

 Com o fim do The Tourists, a dupla partiu para um novo projeto, o Eurythmics, com visual andrógino e um pop com soul music e rock, no ambiente Synthpop que reinava nas paradas britânicas no início dos anos 80.


 


In the Garden (1981)
- Primeiro álbum de estúdio do Eurythmics, lançado pela gravadora RCA. E é uma grata surpresa, que é realmente uma banda diferente do The Tourists. Um New Wave com muito Synthpop, até parecendo que o Kraftwerk assumiu a direção da banda anterior. A voz de Lennox, está muito melhor trabalhada aqui, ao mesmo tempo que temos influências de Ultravox, Bowie, e Joy Division.  Conny Plank, ajudou a produzir o álbum direto de Colônia na Alemanha com elementos de  krautrock. Uma curiosidade da produção é que o baterista do Blondie (banda que influenciou bastante tanto o The Tourists, quanto o próprio Eurythmics) é o artista convidado na bateria, elevando a qualidade da produção. Outro baterista convidado foi  Robert Görl(Deutsch Amerikanische Freundschaft), também convidados  Holger Czukay e Jaki Liebezeit, da banda alemã Can. Na parte das músicas, 10 ao todo, as faixas mais interessantes são "Never Gonna Cry Again" e "Belinda", justamente os singles, que infelizmente não conseguiu atingir nenhum top nas paradas assim como o próprio álbum, que pode ser considerado 'frio'...Nenhuma das faixas são conhecidas, de quem conheceu a banda só por coletâneas. Então, ao meu ver, não é nem de longe o melhor álbum que produziram, mas dá pra se notar que existe sim, elementos que posteriormente fariam a banda fazer sucesso. Claro, comparado ao que se faz hoje, não precisa nem dizer nada. Mostra uma banda em fase de evolução pra cima...O álbum foi proscrito pela própria banda, cujas as músicas nunca entraram em compilações ou tocadas ao vivo posteriormente.


Sweet Dreams (Are Made of This)
(1983) - Segundo álbum de estúdio do Eurythmics, mostra que eles aprenderam a lição do primeiro álbum. Partem direto para um pop comercial, sem abandonar as raízes do Synthpop/New Wave. Com uma voz melhor preparada, uma orientação mais comercial e pop da tendência no período em questão, desta vez, o fracasso do álbum de estreia já estava batido. O destaque principal aqui é a faixa homônima, que tornou-se bastante popular e continua a ser uma das canções mais conhecidas do Eurythmics, seu videoclipe, popular na MTV nos Estados Unidos, é memorável por imagens de duplo gênero da Annie Lennox. O single  "Love is a Stranger", havia sido um fracasso, mas foi relançado e só aumentou o favoritismo em cima deles. Dave Stewart cuidou pessoalmente da gravação do álbum. Em verdade, nas outras 8 canções, não tiveram muito sucesso, mas são interessante e mostram o oportunismo relativo a tendência comercial que a banda seguiria. Embora o género Synthpop havia crescido em popularidade nos anos anteriores, foi frequentemente associado com todos os grupos do sexo masculino. Eurythmics (em especial com estilo vocal de Lennox) trouxe um toque de soul music ao som eletrônico, o que provou ser popular com as audiências mais amplas. O álbum conseguiu o 3° lugar no Reino Unido e 15° nos EUA.


Touch (1983) - Terceiro álbum de estúdio do Eurythmics, lançado alguns meses depois do anterior, aproveitando o sucesso da banda. E eles realmente aprenderam o caminho do sucesso com o disco anterior. Um disco synthpop total, com a voz maravilhosa e bem trabalhada de Annie e a produção caprichada de Stewart, temos aqui o melhor álbum da banda, que colocaram eles no topo definitivo. Três singles sensacionais, que valem muito a pena o álbum: "Here Comes the Rain Again"(voz e synth sensacionais), "Right by Your Side" (com pitadas latinas), "Who's That Girl?" (versatilidade total da voz de Annie). O resto do álbum é bastante interessante, apesar de não ser assim tão épico, mas eu gostei das duas últimas faixas: "No Fear, No Hate, No Pain (No Broken Hearts)" e "Paint a Rumour". Foi 1° lugar absoluto no Reino Unido e atingiu a 7° posição da Billboard americana, principalmente embalada pelos vídeo clips bem produzidos para a MTV. O álbum abriu em definitivo as fronteiras musicais para o grupo. Um álbum de remixes "Touch Dance" (que não irei comentar) ajudou a alavancar mais ainda a moral da banda.



1984(For the Love of Big Brother)
(1984) - Este projeto é uma trilha sonora do filme "1984" encomendado pela Virgin para a banda Eurythmics. Produzido por David Stewart, com apenas o duo sem qualquer colaboração de outros músicos. Um fato que todos devem ter conhecimento, é que ao contrário de um álbum de estúdio normal, a trilha sonora, possui músicas que são criadas a partir de cenas de um filme na qual retrata. Então é um trabalho bastante diferente do que o Eurythmics estava fazendo. E o que é bastante interessante, já que ao invés das habituais orquestras das trilhas, a maior parte das gravações, usam música eletrônica, com produção do próprio David Stewart. Ele cria uma atmosfera que mistura New Wave, syntpop e avant-garde com muito experimentalismo. Existem muitas faixas que são instrumentais, mas usam a voz de Lennox não cantando, mas ressoando ou sendo modificada por vocoder, o que é bastante interessante já que ela possui dotes vocálicos ótimos como uma cantora de ópera. Dois singles, chegaram a fazer sucesso na rádio e na MTV, "Sexcrime (Nineteen Eighty-Four)" (que sobreviveu ao tempo em shows e coletâneas da banda) e "Julia" que mostra uma versatilidade da voz de Lennox, em uma canção lenta que lembra bastante o que ela depois faria em seus projetos solos após a dissolução do Eurythmics. As três faixas finais: "Doubleplusgood", "Ministry of Love" e "Room 101", são instrumentais com textos inseridos com trechos do livro "1984". O fato é que nem os produtores nem a banda gostaram do resultado final e o álbum nem sequer está nas plataformas digitais hoje como Deezer ou Spotfy (eu tive que escutar via Youtube). Alguns irão torcer o nariz, mas eu achei o resultado bastante positivo. É algo cult como o filme "1984" fracasso na época, e hoje também cultuado.


Be Yourself Tonight
(1985) - Quarto álbum de estúdio (descontando a trilha sonora) com a RCA investindo em algo muito mais dançante. Stewart e Lennox gravaram o algum em Paris, Detroit e Los Angeles e contou com algumas participações especiais como Aretha Franklin, Stevie Wonder e Elvis Costello. Um lançamento bastante comercial cujo o resultado só poderia ser um grande sucesso...na verdade um mega-sucesso, um disco tão fantástico, que vc não consegue encontrar qualquer canção ruim nele. O álbum produzido novamente pelo Stewart, tem elementos da Montown, rock de balada e música eletrônica, permitindo uma fusão de ritmos surpreendentemente. E 4 singles foram lançados (todos sucessos absolutos nas rádios e vídeos da MTV): "Would I Lie to You?"(mistura rock, syntpop e  rhythm and blues), "There Must Be an Angel (Playing with My Heart)"(uma das músicas mais icônicas da banda) , "Sisters Are Doin' It for Themselves" (com o fantástico dueto de Lennox com a lendária Aretha Franklin) e "It's Alright (Baby's Coming Back)" (uma mistura de R&B e eletrônica). Isto sem contar que o resto do disco tem outras músicas que não foram singles ou tocaram nas rádios, mas mantem o ritmo alucinante e dançante. Foi Top 3 no Reino Unido e 9° lugar na Billboard Americana.


Revenge
(1986) - Quinto álbum da banda, mostrando ainda que eram uma máquina de fazer hits. Novamente, seguindo a linha dance anterior. Seguindo a linha, a mesma produção campeã do Stewart e a bela voz de Lennox em seu limite. A RCA tem um filão enorme nas mãos com o Eurythmics. Novamente 4 singles são preparados, e todos são grandes sucessos no mundo inteiro e os clips ainda são muito bem produzidos. A banda está no topo. E como time que ganha não se mexe, eles continuam com esta direção de synthpop com elementos de outros ritmos. Clem Burke, baterista original do Blondie, que havia participado do primeiro álbum da banda, mais experimental, foi convidado novamente neste álbum, o que faz dele com cadências e batidas geniais. Entre as músicas, os destaques dos 4 singles: "When Tomorrow Comes" (mais um grande sucesso com a voz de Lennox no limite do imaginável), "Thorn in My Side"(genial), "Missionary Man" (brilhante) e "The Miracle of Love" (uma das músicas mais tocadas do ano de 1986, devido a inclusão na novela da Globo, o que faz dela ser lembrada até hoje). E o resto do álbum, tem surpresas boas como "Take Your Pain Away" e "The Last Time". Este é outro álbum como o anterior que não existe música ruim. Atingiu a 3° posição no Reino Unido e 12° nos States.



Savage
(1987) - Sexto álbum de estúdio do Eurythimics, com a banda tentando atingir um universo musical maior. Novamente 4 singles são produzidos, pois a aposta da RCA é alta, mas apenas "I Need a Man" tem um êxito regular nas paradas. O disco tem músicas com batidas dance mais aceleradas, seguindo o ritmo de final dos anos 80, na qual a eletrônica já está contaminada com o "bate estaca" do movimento techno.  Seguindo o conteúdo comercial muito mais mainstream de seus dois álbuns anteriores,  o álbum fez uso pesado do teclado de amostragem digital NED Synclavier. Quase sem nenhum músico de apoio, apenas um baterista eletrônico, Annie Lennox, arrisca letras de cunho feminista, principalmente dos vídeos clips. Entre as músicas "Beethoven (I Love to Listen To)", parece ser mais interessante apesar do álbum soar bastante techno. "Shame" e "You Have Placed a Chill in My Heart" são músicas boas. As duas últimas de 12, "I Need You" e "Brand New Day", possui uma pegada no R&B. Então, vamos dizer que não é um álbum tão legal como os anterior, o mais fraco. Foi 7° lugar no Reino Unido mas amargou o 41° nos States.


We Too Are One
(1989) - Sétimo álbum da banda e último álbum de estúdio antes de um grande hiato que iria durar quase toda a década seguinte. Possivelmente devido a baixa popularidade do álbum anterior, o Eurythimics preferiu focar as músicas mais na parte da qualidade musical do que realmente na parte comercial. Sai as batidas dances que estavam se popularizando no final da década de 80, para o retorno de elementos surpresas que fizeram a banda reconhecida mundialmente. E isto é realmente ótimo, pois o álbum é sensacional. E eles capricharam bem, pois a RCA assumiu o risco de lançar nada menos que 5 singles no mercado: "Revival" , Don't Ask Me Why"(música fantástica, que já vale o álbum inteiro),"The King and Queen of America" (melhor música do álbum, uma delícia), "Angel" e "(My My) Baby's Gonna Cry", sendo que o resto do disco com músicas também muito boas, podendo-se dizer, que não existe musical ruim neste álbum. Destaco aqui ainda "You Hurt Me (And I Hate You)" e "Sylvia" (lembrando o que Annie Lennox faria em sua carreira solo). O álbum chegou ao 1° lugar nas paradas britânicas(a segunda vez que conseguiram isto) mas apenas 34° nos States. 


Eurythmics - Greatest Hits
(1991) - Primeira compilação do Eurythmics, lançado pela RCA. Quase como uma carta de despedida, já que Lennox e Stewart decidiram após isto, entrar em um hiato de vários anos, tomando caminhos diferentes. É uma ótima compilação. Eu tenho o CD na minha coleção. 18 faixas com os singles de maiores sucessos de todos os álbum da banda ( com excessão...do primeiro, mais experimental). Até "Sex Crime (1984)", do álbum da trilha sonora do filme "1984 (For the Love of Big Brother)" lançado por outra gravadora, a Virgin, está presente. Se ninguém conhece nada da banda, aqui está uma ótima oportunidade de escutar seus grandes sucessos. Também lançado em uma compilação VHS com seus melhores vídeo clips. Esta compilação foi 1° lugar no Reino Unido e em várias partes do mundo, mas 72° nos States. 


Live 1983–1989
(1993) - Álbum duplo ao vivo lançado pela RCA, com uma compilação de apresentações ao vivo da banda e seus maiores sucessos entre os anos de 1983 a 1989 (também deixando o repertório do primeiro álbum de fora). Entre os músicos de apoio creditados, está novamente Clem Burke. O lançamento segue o desejo da gravadora em ainda comercializar algo da banda para o público em um momento que cada um dos membros estavam em seus próprios projetos pessoais . E não é por nada não, o álbum ao vivo está ótimo, algumas músicas ganham mais realismo com solos instrumentais como saxofone, bateria , guitarra e a inagualável voz de Annie Lennox. Os clássicos estão todos lá: "Love Is a Stranger", "Sweet Dreams (Are Made of This)","Sexcrime (Nineteen Eighty-Four)","There Must Be an Angel (Playing with My Heart)","Thorn in My Side","The Miracle of Love" e tantos outros. E todos cantados com maestria. Ótimo álbum ao vivo. Mostra que a banda é tão boa ao vivo como no estúdio.


Peace
(1999) - Oitavo álbum do Eurythmics, lançado pela RCA. Após um hiato de 10 anos, na qual Annie Lennox, pavimentou uma carreira solo de sucesso com dois álbuns campeões de vendas e Stewart esteve envolvido em vários projetos com vários outros músicos de sucesso, a dupla resolveu voltar ao estúdio para gravar mais um álbum para a entrada do novo milênio, com temas ligados a paz e o amor, o álbum tem elementos eletrônicos mas menos synthpop como no passado. Deixando mais o lado vocálico de Lennox comandar, com a guitarra e produção de Stewart. Destaque para os singles "I Saved the World Today" (uma linda canção que teve pouca aceitação nas rádios) e "17 Again" (na qual podemos ouvir trechos falados de  "Sweet Dreams (Are Made of This)", talvez para relembrar o passado). As outras músicas vão de calmas a algumas baladas, como "Forever" (que lembra bastante as músicas dos The Beatles) ou "Peace Is Just a Word" (que novamente fala de paz). Apesar de não ter tido um lançamento a altura dos anteriores da década de 80, ainda assim é um bom álbum. O hiato de quase uma década sem gravar, foi bastante interessante. Infelizmente este acabou sendo o último álbum da banda até o momento.



Ultimate Collection
(2005) - Segunda compilação do Eurythmics, lançado pela RCA. Pega todos os 8 álbuns da banda com seus singles e hits(mas ignora Sex Crime do LP  1984 (For the Love of Big Brother), que foi feito por outra gravadora),e ainda adiciona mais duas músicas inéditas: "I've Got a Life", uma música de balada forte e dançante e  "Was It Just Another Love Affair?", uma música lenta e romântica mas que ficou parecendo um pop batido, ambas não fizeram um sucesso na época. Então podemos dizer que é um Greatest Hits com esteroides. Eu ainda prefiro a primeira compilação.


Conclusão: Eurythimics, é uma formada por um duo homem-mulher, de grande importância musical dos anos 80. São dois cérebros que trabalham em conjunto da melhor forma possível, com Annie Lennox e seu visual robótico e andrógeno com dotes vocálicos e uma voz forte e poderosa, fazendo dela quase um "Bowie de saia". Este é diferencial importante de outras bandas liderados por mulheres ou cantoras. E temos David Stewart, um versátil multi-instrumentista, que também é produtor que comanda um dos estúdios mais importantes da Europa e acima de tudo um excelente compositor junto com Lennox, fizeram da banda, algo diferencial no meio de tanta gente boa que queria se destacar no cenário da música pop/rock dos anos 80. E como diz, coisa boa, precisa ser eternizada e reconhecida...em 2022, a banda foi induzida oficialmente no Hall da Fama do Rock'n'Roll, por sua carreira brilhante. Um reconhecimento e tanto...

Nota para banda :  5 de 5
Nota para Composições: 4 de 5