quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Discografia completa revista - Talk Talk (1982 - 1998)





Uma banda bastante subestimada dos anos 80, que ficou conhecida mundialmente por um hit, "It's my Life" (regravada depois pela banda No Doubt), o Talk Talk foi for formada pelo vocalista Mark Hollis (1955 - 2019), um cantor excêntrico, guitarrista que tinha um jeito peculiar de cantar, parecendo que estava chorando mas que ao mesmo tempo transmitia uma emoção bastante diferente das bandas daquele período dos anos 80. Ele fundou a banda em 1981, no ano seguinte lançou seu primeiro álbum de um total de 5. Em 1991 a banda teve suas atividades encerradas, ele chegou a voltar em carreira solo, mas abandonou tudo pra viver com a família, até falecer em 2019, e seu legado passou a ser revisto. Completaram a formação da banda, Lee Harris (baterista), Simon Brenner(teclado) e Paul Webb (baixo).


The Party's Over (1982) - Este álbum debut do Talk Talk, foi produzido  Colin Thurston (ex-engenheiro de som de David Bowie e produtor dos primeiros álbuns do Duran Duran). Um álbum que desde a capa bacana, remete muito ao movimento New Romantic (na qual Depeche Mode, Duran Duran e Spandau Ballet, estavam inseridos no começo da carreira), um bom synthpop bem trabalhado com misturas de new waves, ophisti-pop e art pop, na qual os teclados eletrônicos criam um ambiente envolvente nas músicas. 

O álbum teve algumas músicas de sucesso pela Europa, Nova Zelândia, África do Sul, mas não conseguiu ser sucesso em casa, no Reino Unido. Apesar de tudo é bem interessante. Faixas muito boas, gosto de "Talk Talk" homônima da banda, "Today" é outra bom batida boa e refrão forte. "Have You Heard the News?" também merece seu destaque...



It's My Life (1984) - O segundo álbum do Talk Tallk, agora sem o tecladista Simon Brenner, que saiu após o primeiro álbum, aqui substituído por Tim Friese-Greene (não creditado como membro). Na verdade, um álbum melhor que o anterior, e desta vez, com um hit que conseguiu alavancar bastante as vendas, a faixa homônima, "It's My Life" , cujo clip na MTV, fez grande sucesso, uma década depois No Doubt e o grupo sueco Gigabyte regravaram com sucesso também. Outra música bem trabalhada, é  "Such a Shame", que foi TOP 10 em alguns países. "Dum Dum Girl", também teve uma leva boa de sucesso dentro da Europa. O álbum tem vários elementos do Synthpop, new wave, art pop e progressive pop. Aquele jeito peculiar e quase chorando do Hollis cantando, continua. Eu ainda gostei de "Renée" e "Tomorrow Started". 



The Colour of Spring (1986) - Lançando praticamente um álbum a cada dois ano, o Talk Talk lançou seu terceiro álbum, com uma nova guinada nas músicas. Deixando de lado o New Romantic e se distanciando da New Wave, mas abraçou mais o Progressive Pop e o Experimental Pop, com uma pegada mais jazzísticas nas músicas, somado ainda a forma de cantar de Hollis. O foco das músicas foi menos o synth pop, mas nas guitarras, pianos e órgãos em músicas como  "Life's What You Make It"( música muito boa), "Living in Another World"(melhor música do álbum) e "Give It Up" com um som muito mais orgânico do que seus discos anteriores, com a improvisação que dominaria em seus trabalhos posteriores já aparente no processo de gravação. A faixa final, mais melódica, tenta resgatar ainda um pouco de um syth new wave, "Time it's Time".

Então, podemos dizer que mesmo com a mudança musical da banda, ainda se consegue ter algumas músicas legais, mesmo que isto não seja visto na maior parte deste álbum. Ainda sim, vale uma escutada pelas músicas que citei.



Spirit of Eden(1988) - Quarto álbum...e a banda desencana de vez do synthpop...total. Seguindo a tendência do anterior, mas de forma mais radical, muitas vezes trabalhando no escuro, a banda gravou muitas horas de performances improvisadas que se basearam em elementos de jazz, ambiente, blues, música clássica e dub. Essas gravações de formato longo foram então fortemente editadas e reorganizadas em um álbum em formato digital. Uma mudança radical...e uma decepção comercial para seus fãs, que não gostaram do resultado...e eu inclusive achei bem fraco. Posteriormente em uma releitura tardia em tempos atuais, alguns críticos citam o álbum como um progenitor inicial do gênero pós-rock. Musicas com suítes longas e jazzísticas ... Talvez alguns poderão gostar como música de relaxar, mas a voz do Hollis, continua a mesma, com voz de choro em músicas lentas...Não consigo citar qual música é interessante....




Natural History: The Very Best of Talk Talk
(1990) - Coletânea da banda Talk Talk, mais uma imposição da gravadora EMI, do que desejo da banda que não tem qualquer supervisão e apoio de Hollis se dizendo contra lançar coletâneas. Destaque aqui para  "My Foolish Friend", lançado em single e que não está em nenhum álbum oficial. É apoiada bastante nos singles de sucesso dos 4 primeiros álbuns. Como a banda teve vida curta, serve de referência pra quem conhecer mais a banda. Vale bastante a pena.





Laughing Stock
(1991) - Quinto e último álbum de estúdio do Talk Talk, aqui reduzido a um duo, já que o baixista Paul Webb, abandona a banda no início dos anos 90.  Mark Hollis, corre quase totalmente para um álbum baseado em jazz ou um rock mais lento (um pós-rock com art rock) e no experimentalismo, as exigentes sessões foram marcadas pelas tendências perfeccionistas de Hollis e pelo desejo de criar uma atmosfera de gravação adequada, após este álbum, que teve baixa aceitação entre seus fãs e publico em geral, logo depois Hollis põe fim ao grupo. Mas teve vários críticos especializados na época que escreveram que o álbum era um divisor de águas para o gênero pós-rock na época de seu lançamento. Pitchfork nomeou-o o décimo primeiro melhor álbum da década de 1990, dizendo que "cria seu próprio ambiente e se torna mais do que a soma de seus sons". Mas escutando o mesmo, assim como o anterior, Spirit of Eden, ele soa como algo de despedida, muito centrado no piano e instrumentos acústicos e até a voz do Hollis, mesmo melancólica, deixa um pouco o lado de 'choro' que permeou a maior parte de sua discografia. Eu no meu ver, achei fraco. Não sei, talvez alguns acham mais relaxantes. Então foi uma boa hora de acabar com a banda...



Bonus:

 


Mark Hollis
(1998) - Primeiro e único disco solo de Mark Hollis, era pra ter sido um disco do Talk Talk, mas Hollis decidiu que seria apenas um trabalho seu(mesmo porque já nem tinha banda mais...). Alias, 7 anos separam este trabalho solo do anterior, fazendo que muitos pensassem que Hollis havia desistido da música. Em verdade ele começou um período de reclusão e ficar mais com a família após o quinto álbum do Talk Talk e quando teve vontade de gravar mais um álbum, foi depois de muito tempo. E seguindo a tendência desde Spirit of Eden e Laughing Stock, Hollis se desfaz totalmente de qualquer eletrônica e parte para algo acústico pianíssimo e jazzístico. Um som bastante minimalista. Assim, como o trabalho anterior, não é realmente minha praia. Dá pra ouvir como álbum pra relaxar se gostar de um ambiente sonoro intimista. Infelizmente, Hollis volta a dedicar totalmente a família, abandona a música (apenas algumas colaborações com outros artistas), ele chega a ir morar no Líbano e depois volta para a Inglaterra se estabelecendo no interior, onde veio a falecer prematuramente em 25 de fevereiro de 2019, aos 64 anos vitima de um câncer...


Conclusão: Bastante subestimada durante seu auge nos anos 80, talvez por causa da grande concorrência com grandes nomes da cena New Wave como Duran Duran, Tears for Fears, New Order, The Smith, Depeche Mode, Pet Shop Boys entre outros, alguns anos depois e principalmente após o falecimento de Hollis, veio uma consagração tardia por parte de publico e críticos...a banda não foi apenas "It's My Life ", seu single e maior sucesso e clip bastante executado na MTV e regravado pelo No Doubt. Muitos pensam que foi uma 'one hit only band', o que não é verdadeiro. A chance de se escutar todo a sua discografia, é uma grande oportunidade de conhecer muitas outras canções legais e também conhecer a ultima fase minimalista e jazzística que Hollis produziu. Creio que escutar uma coletânea é um bom começo.


Nota para banda :  3 de 5

Nota para Composições: 4 de 5

Muito mais do que "It's My Life "



terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Discografia completa revista : EURYTHMICS (1980 - 2005)

 


O Eurythmics foi um duo musical britânico formado em 1980 por Annie Lennox e Dave Stewart e ficou ativo durante toda a década de 80 até 1991, quando Lennox começou uma carreira solo e Stewart passou a trabalhar em produção musical de outros artistas. Mas esporadicamente trabalharam algumas vezes mais em apresentações especiais ou singles. Agora em 2022, a banda foi merecidamente induzida no Rock'n'Roll Hall of Fame. O grupo é originário de outra banda anterior, na qual Lennox e Stewart (então um casal) participavam, o The Tourists, que entre 1978 a 1980, lançaram 3 álbuns. Para melhor conhecer este grupo, na qual não iremos aprofundar em análise, uma escutada da coletânea "The Tourists - The Greatest Hits" (1997). O maior sucesso da banda, que chegou a ganhar single de Ouro, foi a regravação de "I Only Want to Be with You" (posteriormente faria sucesso na década segunda em uma versão dance na voz da Samantha Fox), outro destaque é o single "So Good to Be Back Home Again". O restante da coletânea mostra uma banda solida com Lennox, cantando muito bem, mais ainda com uma capacidade inferior do que seria sua banda seguinte. Um rock new wave gostoso, sem muita eletrônica, presente sutilmente em algumas faixas e uma variação de estilos. 

 Com o fim do The Tourists, a dupla partiu para um novo projeto, o Eurythmics, com visual andrógino e um pop com soul music e rock, no ambiente Synthpop que reinava nas paradas britânicas no início dos anos 80.


 


In the Garden (1981)
- Primeiro álbum de estúdio do Eurythmics, lançado pela gravadora RCA. E é uma grata surpresa, que é realmente uma banda diferente do The Tourists. Um New Wave com muito Synthpop, até parecendo que o Kraftwerk assumiu a direção da banda anterior. A voz de Lennox, está muito melhor trabalhada aqui, ao mesmo tempo que temos influências de Ultravox, Bowie, e Joy Division.  Conny Plank, ajudou a produzir o álbum direto de Colônia na Alemanha com elementos de  krautrock. Uma curiosidade da produção é que o baterista do Blondie (banda que influenciou bastante tanto o The Tourists, quanto o próprio Eurythmics) é o artista convidado na bateria, elevando a qualidade da produção. Outro baterista convidado foi  Robert Görl(Deutsch Amerikanische Freundschaft), também convidados  Holger Czukay e Jaki Liebezeit, da banda alemã Can. Na parte das músicas, 10 ao todo, as faixas mais interessantes são "Never Gonna Cry Again" e "Belinda", justamente os singles, que infelizmente não conseguiu atingir nenhum top nas paradas assim como o próprio álbum, que pode ser considerado 'frio'...Nenhuma das faixas são conhecidas, de quem conheceu a banda só por coletâneas. Então, ao meu ver, não é nem de longe o melhor álbum que produziram, mas dá pra se notar que existe sim, elementos que posteriormente fariam a banda fazer sucesso. Claro, comparado ao que se faz hoje, não precisa nem dizer nada. Mostra uma banda em fase de evolução pra cima...O álbum foi proscrito pela própria banda, cujas as músicas nunca entraram em compilações ou tocadas ao vivo posteriormente.


Sweet Dreams (Are Made of This)
(1983) - Segundo álbum de estúdio do Eurythmics, mostra que eles aprenderam a lição do primeiro álbum. Partem direto para um pop comercial, sem abandonar as raízes do Synthpop/New Wave. Com uma voz melhor preparada, uma orientação mais comercial e pop da tendência no período em questão, desta vez, o fracasso do álbum de estreia já estava batido. O destaque principal aqui é a faixa homônima, que tornou-se bastante popular e continua a ser uma das canções mais conhecidas do Eurythmics, seu videoclipe, popular na MTV nos Estados Unidos, é memorável por imagens de duplo gênero da Annie Lennox. O single  "Love is a Stranger", havia sido um fracasso, mas foi relançado e só aumentou o favoritismo em cima deles. Dave Stewart cuidou pessoalmente da gravação do álbum. Em verdade, nas outras 8 canções, não tiveram muito sucesso, mas são interessante e mostram o oportunismo relativo a tendência comercial que a banda seguiria. Embora o género Synthpop havia crescido em popularidade nos anos anteriores, foi frequentemente associado com todos os grupos do sexo masculino. Eurythmics (em especial com estilo vocal de Lennox) trouxe um toque de soul music ao som eletrônico, o que provou ser popular com as audiências mais amplas. O álbum conseguiu o 3° lugar no Reino Unido e 15° nos EUA.


Touch (1983) - Terceiro álbum de estúdio do Eurythmics, lançado alguns meses depois do anterior, aproveitando o sucesso da banda. E eles realmente aprenderam o caminho do sucesso com o disco anterior. Um disco synthpop total, com a voz maravilhosa e bem trabalhada de Annie e a produção caprichada de Stewart, temos aqui o melhor álbum da banda, que colocaram eles no topo definitivo. Três singles sensacionais, que valem muito a pena o álbum: "Here Comes the Rain Again"(voz e synth sensacionais), "Right by Your Side" (com pitadas latinas), "Who's That Girl?" (versatilidade total da voz de Annie). O resto do álbum é bastante interessante, apesar de não ser assim tão épico, mas eu gostei das duas últimas faixas: "No Fear, No Hate, No Pain (No Broken Hearts)" e "Paint a Rumour". Foi 1° lugar absoluto no Reino Unido e atingiu a 7° posição da Billboard americana, principalmente embalada pelos vídeo clips bem produzidos para a MTV. O álbum abriu em definitivo as fronteiras musicais para o grupo. Um álbum de remixes "Touch Dance" (que não irei comentar) ajudou a alavancar mais ainda a moral da banda.



1984(For the Love of Big Brother)
(1984) - Este projeto é uma trilha sonora do filme "1984" encomendado pela Virgin para a banda Eurythmics. Produzido por David Stewart, com apenas o duo sem qualquer colaboração de outros músicos. Um fato que todos devem ter conhecimento, é que ao contrário de um álbum de estúdio normal, a trilha sonora, possui músicas que são criadas a partir de cenas de um filme na qual retrata. Então é um trabalho bastante diferente do que o Eurythmics estava fazendo. E o que é bastante interessante, já que ao invés das habituais orquestras das trilhas, a maior parte das gravações, usam música eletrônica, com produção do próprio David Stewart. Ele cria uma atmosfera que mistura New Wave, syntpop e avant-garde com muito experimentalismo. Existem muitas faixas que são instrumentais, mas usam a voz de Lennox não cantando, mas ressoando ou sendo modificada por vocoder, o que é bastante interessante já que ela possui dotes vocálicos ótimos como uma cantora de ópera. Dois singles, chegaram a fazer sucesso na rádio e na MTV, "Sexcrime (Nineteen Eighty-Four)" (que sobreviveu ao tempo em shows e coletâneas da banda) e "Julia" que mostra uma versatilidade da voz de Lennox, em uma canção lenta que lembra bastante o que ela depois faria em seus projetos solos após a dissolução do Eurythmics. As três faixas finais: "Doubleplusgood", "Ministry of Love" e "Room 101", são instrumentais com textos inseridos com trechos do livro "1984". O fato é que nem os produtores nem a banda gostaram do resultado final e o álbum nem sequer está nas plataformas digitais hoje como Deezer ou Spotfy (eu tive que escutar via Youtube). Alguns irão torcer o nariz, mas eu achei o resultado bastante positivo. É algo cult como o filme "1984" fracasso na época, e hoje também cultuado.


Be Yourself Tonight
(1985) - Quarto álbum de estúdio (descontando a trilha sonora) com a RCA investindo em algo muito mais dançante. Stewart e Lennox gravaram o algum em Paris, Detroit e Los Angeles e contou com algumas participações especiais como Aretha Franklin, Stevie Wonder e Elvis Costello. Um lançamento bastante comercial cujo o resultado só poderia ser um grande sucesso...na verdade um mega-sucesso, um disco tão fantástico, que vc não consegue encontrar qualquer canção ruim nele. O álbum produzido novamente pelo Stewart, tem elementos da Montown, rock de balada e música eletrônica, permitindo uma fusão de ritmos surpreendentemente. E 4 singles foram lançados (todos sucessos absolutos nas rádios e vídeos da MTV): "Would I Lie to You?"(mistura rock, syntpop e  rhythm and blues), "There Must Be an Angel (Playing with My Heart)"(uma das músicas mais icônicas da banda) , "Sisters Are Doin' It for Themselves" (com o fantástico dueto de Lennox com a lendária Aretha Franklin) e "It's Alright (Baby's Coming Back)" (uma mistura de R&B e eletrônica). Isto sem contar que o resto do disco tem outras músicas que não foram singles ou tocaram nas rádios, mas mantem o ritmo alucinante e dançante. Foi Top 3 no Reino Unido e 9° lugar na Billboard Americana.


Revenge
(1986) - Quinto álbum da banda, mostrando ainda que eram uma máquina de fazer hits. Novamente, seguindo a linha dance anterior. Seguindo a linha, a mesma produção campeã do Stewart e a bela voz de Lennox em seu limite. A RCA tem um filão enorme nas mãos com o Eurythmics. Novamente 4 singles são preparados, e todos são grandes sucessos no mundo inteiro e os clips ainda são muito bem produzidos. A banda está no topo. E como time que ganha não se mexe, eles continuam com esta direção de synthpop com elementos de outros ritmos. Clem Burke, baterista original do Blondie, que havia participado do primeiro álbum da banda, mais experimental, foi convidado novamente neste álbum, o que faz dele com cadências e batidas geniais. Entre as músicas, os destaques dos 4 singles: "When Tomorrow Comes" (mais um grande sucesso com a voz de Lennox no limite do imaginável), "Thorn in My Side"(genial), "Missionary Man" (brilhante) e "The Miracle of Love" (uma das músicas mais tocadas do ano de 1986, devido a inclusão na novela da Globo, o que faz dela ser lembrada até hoje). E o resto do álbum, tem surpresas boas como "Take Your Pain Away" e "The Last Time". Este é outro álbum como o anterior que não existe música ruim. Atingiu a 3° posição no Reino Unido e 12° nos States.



Savage
(1987) - Sexto álbum de estúdio do Eurythimics, com a banda tentando atingir um universo musical maior. Novamente 4 singles são produzidos, pois a aposta da RCA é alta, mas apenas "I Need a Man" tem um êxito regular nas paradas. O disco tem músicas com batidas dance mais aceleradas, seguindo o ritmo de final dos anos 80, na qual a eletrônica já está contaminada com o "bate estaca" do movimento techno.  Seguindo o conteúdo comercial muito mais mainstream de seus dois álbuns anteriores,  o álbum fez uso pesado do teclado de amostragem digital NED Synclavier. Quase sem nenhum músico de apoio, apenas um baterista eletrônico, Annie Lennox, arrisca letras de cunho feminista, principalmente dos vídeos clips. Entre as músicas "Beethoven (I Love to Listen To)", parece ser mais interessante apesar do álbum soar bastante techno. "Shame" e "You Have Placed a Chill in My Heart" são músicas boas. As duas últimas de 12, "I Need You" e "Brand New Day", possui uma pegada no R&B. Então, vamos dizer que não é um álbum tão legal como os anterior, o mais fraco. Foi 7° lugar no Reino Unido mas amargou o 41° nos States.


We Too Are One
(1989) - Sétimo álbum da banda e último álbum de estúdio antes de um grande hiato que iria durar quase toda a década seguinte. Possivelmente devido a baixa popularidade do álbum anterior, o Eurythimics preferiu focar as músicas mais na parte da qualidade musical do que realmente na parte comercial. Sai as batidas dances que estavam se popularizando no final da década de 80, para o retorno de elementos surpresas que fizeram a banda reconhecida mundialmente. E isto é realmente ótimo, pois o álbum é sensacional. E eles capricharam bem, pois a RCA assumiu o risco de lançar nada menos que 5 singles no mercado: "Revival" , Don't Ask Me Why"(música fantástica, que já vale o álbum inteiro),"The King and Queen of America" (melhor música do álbum, uma delícia), "Angel" e "(My My) Baby's Gonna Cry", sendo que o resto do disco com músicas também muito boas, podendo-se dizer, que não existe musical ruim neste álbum. Destaco aqui ainda "You Hurt Me (And I Hate You)" e "Sylvia" (lembrando o que Annie Lennox faria em sua carreira solo). O álbum chegou ao 1° lugar nas paradas britânicas(a segunda vez que conseguiram isto) mas apenas 34° nos States. 


Eurythmics - Greatest Hits
(1991) - Primeira compilação do Eurythmics, lançado pela RCA. Quase como uma carta de despedida, já que Lennox e Stewart decidiram após isto, entrar em um hiato de vários anos, tomando caminhos diferentes. É uma ótima compilação. Eu tenho o CD na minha coleção. 18 faixas com os singles de maiores sucessos de todos os álbum da banda ( com excessão...do primeiro, mais experimental). Até "Sex Crime (1984)", do álbum da trilha sonora do filme "1984 (For the Love of Big Brother)" lançado por outra gravadora, a Virgin, está presente. Se ninguém conhece nada da banda, aqui está uma ótima oportunidade de escutar seus grandes sucessos. Também lançado em uma compilação VHS com seus melhores vídeo clips. Esta compilação foi 1° lugar no Reino Unido e em várias partes do mundo, mas 72° nos States. 


Live 1983–1989
(1993) - Álbum duplo ao vivo lançado pela RCA, com uma compilação de apresentações ao vivo da banda e seus maiores sucessos entre os anos de 1983 a 1989 (também deixando o repertório do primeiro álbum de fora). Entre os músicos de apoio creditados, está novamente Clem Burke. O lançamento segue o desejo da gravadora em ainda comercializar algo da banda para o público em um momento que cada um dos membros estavam em seus próprios projetos pessoais . E não é por nada não, o álbum ao vivo está ótimo, algumas músicas ganham mais realismo com solos instrumentais como saxofone, bateria , guitarra e a inagualável voz de Annie Lennox. Os clássicos estão todos lá: "Love Is a Stranger", "Sweet Dreams (Are Made of This)","Sexcrime (Nineteen Eighty-Four)","There Must Be an Angel (Playing with My Heart)","Thorn in My Side","The Miracle of Love" e tantos outros. E todos cantados com maestria. Ótimo álbum ao vivo. Mostra que a banda é tão boa ao vivo como no estúdio.


Peace
(1999) - Oitavo álbum do Eurythmics, lançado pela RCA. Após um hiato de 10 anos, na qual Annie Lennox, pavimentou uma carreira solo de sucesso com dois álbuns campeões de vendas e Stewart esteve envolvido em vários projetos com vários outros músicos de sucesso, a dupla resolveu voltar ao estúdio para gravar mais um álbum para a entrada do novo milênio, com temas ligados a paz e o amor, o álbum tem elementos eletrônicos mas menos synthpop como no passado. Deixando mais o lado vocálico de Lennox comandar, com a guitarra e produção de Stewart. Destaque para os singles "I Saved the World Today" (uma linda canção que teve pouca aceitação nas rádios) e "17 Again" (na qual podemos ouvir trechos falados de  "Sweet Dreams (Are Made of This)", talvez para relembrar o passado). As outras músicas vão de calmas a algumas baladas, como "Forever" (que lembra bastante as músicas dos The Beatles) ou "Peace Is Just a Word" (que novamente fala de paz). Apesar de não ter tido um lançamento a altura dos anteriores da década de 80, ainda assim é um bom álbum. O hiato de quase uma década sem gravar, foi bastante interessante. Infelizmente este acabou sendo o último álbum da banda até o momento.



Ultimate Collection
(2005) - Segunda compilação do Eurythmics, lançado pela RCA. Pega todos os 8 álbuns da banda com seus singles e hits(mas ignora Sex Crime do LP  1984 (For the Love of Big Brother), que foi feito por outra gravadora),e ainda adiciona mais duas músicas inéditas: "I've Got a Life", uma música de balada forte e dançante e  "Was It Just Another Love Affair?", uma música lenta e romântica mas que ficou parecendo um pop batido, ambas não fizeram um sucesso na época. Então podemos dizer que é um Greatest Hits com esteroides. Eu ainda prefiro a primeira compilação.


Conclusão: Eurythimics, é uma formada por um duo homem-mulher, de grande importância musical dos anos 80. São dois cérebros que trabalham em conjunto da melhor forma possível, com Annie Lennox e seu visual robótico e andrógeno com dotes vocálicos e uma voz forte e poderosa, fazendo dela quase um "Bowie de saia". Este é diferencial importante de outras bandas liderados por mulheres ou cantoras. E temos David Stewart, um versátil multi-instrumentista, que também é produtor que comanda um dos estúdios mais importantes da Europa e acima de tudo um excelente compositor junto com Lennox, fizeram da banda, algo diferencial no meio de tanta gente boa que queria se destacar no cenário da música pop/rock dos anos 80. E como diz, coisa boa, precisa ser eternizada e reconhecida...em 2022, a banda foi induzida oficialmente no Hall da Fama do Rock'n'Roll, por sua carreira brilhante. Um reconhecimento e tanto...

Nota para banda :  5 de 5
Nota para Composições: 4 de 5






quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Discografia completa revista - Tears for Fears- (1981 - 2022)

 





O Tears for Fears, é uma banda inglesa formada pela dupla Roland Orzabal (voz e guitarra) e Curt Smith (voz e baixo). Eles se tornaram bastante populares em meados dos anos 80, por fazer um rock voltado a new wave e synthpop, sem esquecer as suas letras politizadas, mas também dançantes e contagiantes. Tears for Fears era inicialmente associado com as bandas de sintetizadores new wave do começo dos anos 1980, mas posteriormente o estilo se ramificou para o rock e o pop mainstream, que os levaram para as paradas de sucesso internacionais.  A banda fez parte da Segunda Invasão Britânica nos Estados Unidos, dirigida pela MTV. Durante as décadas singles, houve uma ruptura entre Orzabal e Smith, sendo este último abandonando a banda após desentendimento com Orzabal que passou a liderar a banda sozinha entre 1991 a 2003, quando Smith, após fracassar em sua carreira solo, retornou a Tears For Fears e continuam até hoje apesar dos poucos lançamentos de estúdio. Aqui no Brasil ficaram conhecidos como..."Tias fofinhas" :)

A origem da banda, é outra chamada GRADUATE (1978 - 1980), fundada por Roland Orzabal(Guitarras, Teclados, Vocal principal) e Curt Smith( Baixo elétrico, Sintetizadores, Vocal principal (Ocasionalmente)) além de John Baker( Guitarra rítmica, Vocal principal (Ocasionalmente)), Steve Buck(Teclados e flauta) e Andy Marsden(bateria). Lançaram um álbum comercialmente chamado "Acting My Age" (1980), um seguinte estava sendo preparado em estúdio quando foi cancelado antes de ser finalizado (parte das músicas podem ser escutadas na versão estendida de "Acting My Age", lançado posteriormente). Este álbum lançado originalmente com 10 faixas merece ser escutado, pois é música de boa qualidade, não cansativa, de uma banda que realmente sonhava alto, nada querendo ser estratosférico, como o U2 ou Pink Floyd, mas que poderia ter futuros voos mais altos. New Wave interessante, com músicas alegres e dançantes...não existe hits parades aqui, mas as músicas são legais...Orzabal e Smith, decidiram deixar a banda e foram substituídos por outros músicos, mas não tiveram uma direção e ela acabou logo em seguida...quanto aos dois principais...formariam o Tears For Fears, um trabalhado que deixaram a alegria de lado e partiriam pra algo mais sério ...Mas recomendo escutarem o álbum "Acting My Age" em sua versão estendida, que tem material do 2° álbum, "Ambitions", interrompido no meio e nunca lançado. Que alias, também tinham músicas legais. Em geral, a banda Gradute tocava um estilo de New Wave com 'mod revival', as vezes com letras alegres ou satíricas.  


The Hurting (1983) - Álbum de estréia do Tears for Fears. Roland Orzabal e Curt Smith, partiram para montar outra banda com uma proposta diferente do Gradute. O tecladista Ian Stanley e o baterista Manny Elias foram integrados à banda . Em 1983 lançaram o The Hurting, com uma sonoridade extremamente eletrônica com canções baseadas em guitarras e sintetizadores, e contém letras que remetem à triste e amarga infância de Orzabal. Este álbum é considerado o mais conceitual da banda, pela sua referência ao sofrimento emocional e à terapia do "grito primal", desenvolvida pelo psicanalista Arthur Janov. Era uma new wave com tendências do synthpop influenciado por Gary Numan,  Talking Heads e Peter Gabriel. Ao mesmo tempo que as letras estilo mais melódicos remetia a banda para o lado do dark wave e rock gótico, sem ser exatamente isto, mantendo as características pop/rock. O álbum possui 3 singles que foram sucesso absoluto nas rádios inglesas e depois no resto do mundo: "Mad World" , "Pale Shelter" e "Change" . Um fator diferencial das outras bandas que estavam surgindo aos montes no mesmo período era as vozes conjuntas de Orzabal (mais agressiva e forte) com Smith(mas suave e melódica) e ainda tinha as melodias eletrônicas de synths bem construidas e cadência de guitarra, baixo e bateria criando canções que viraram clássicos. Outros destaques : "The Hurting" ,"Suffer The Children", "Start Of The Breakdown". Um álbum muito bom por sinal e uma ótima estreia...não foi atoa que chegou rapidamente ao primeiro lugar no Reino Unido conquistando crítica e público logo na estreia, e seus 3 singles foram todos top 5, nas charts britânicas. Vários discos de ouro e diamante pelo mundo também.


Songs from the Big Chair (1985) - Se o álbum de estreia os levaram ao topo, o segundo álbum mostrou que eles vieram realmente pra ficar. Não só continuar o sucesso mas ir um pouco mais além. O título do álbum reflete a visão da banda de ser alvo de uma imprensa musical inglesa hostil na época. Neste álbum, eles abandonam um pouco a melancolia do anterior e parte para músicas mais alegres, mas que não deixavam de ter letras fortes para o mundo. Uma abordagem mais leve, mas um pouco mais de guitarra em prioridade aos synths. As composições usam muitos estilos e influências diferentes, particularmente o rock progressivo como uma influência principal citada no álbum...um pop progressivo. E o álbum já começa bem, "Shout", um sucesso instantâneo, um verdadeiro hino dos anos 80. Se fosse apenas por esta música, o álbum já valeria a pena...mas segue com "The Working Hour", que apesar de não ser single, é uma música deliciosa. "Everybody Wants to Rule the World" é outra maravilha, um single sensacional, assim como Shout, não parava de tocar nas rádios. "Mothers Talk", primeiro single deste álbum, também outra música muito bem escrita, com uma pecada dance e batidas cadenciadas. "I Believe", esta música é uma canção lenta, ao piano e mais acústica na voz do Curt Smith, linda poesia. Mostrava que não só de batidas viveria a banda. "Broken", uma faixa meio um mix da próxima música...Então entra a grandiloquente  "Head Over Heels", outro single de sucesso que a banda já tocava ao vivo entre os dois discos e que cuja versão do álbum é uma versão ao vivo...alias, grande versão. Outro clássico oitentista. O álbum finaliza com "Listen", uma música instrumental com backing vocal feminino que lembra até um Pink Floyd pop, de 6 minutos....Pra quem escutar a versão Deluxe, verá algumas músicas instrumentais que poderiam ser proto-músicas do álbum e acabaram não sendo aproveitadas. Sons experimentais por assim dizer: "The Big Chair", "Empire Building" ,"The Marauders" , "Broken Revisited" e "The Conflict". O álbum Songs from the Big Chair, se tornou o maior álbum de vendagens da banda, um clássico dos anos 80 e com certeza um dos melhores álbuns produzidos naquele período. Ficou em 2° lugar no Reino Unido e 1° lugar nos States, graças principalmente a MTV e aos clips bastante manjados da banda e seus sucessos.



The Seeds of Love (1989) - O grande sucesso de Songs from the Big Chair, levou a banda ao estrelato mundial, tocaram em várias partes do globo (inclusive no Brasil), mas a ressaca deixaram eles de molho mais tempo para lançar um terceiro álbum, na qual dois integrantes Ian Stanley e Manny Elias, prefiriram seguir caminhos diferentes, deixando apenas Smith e Orzabal, que por sua vez começou a execer total liderança sobre a banda. Quando o álbum foi lançado, já no final da década, foi uma grande surpresa, pois muitos imaginavam que a banda já era...mas não...e o álbum é uma grande surpresa também, as músicas apresentam influências de vários estilos: jazz e blues até The Beatles, na qual os estilos variam do pop progressivo ao neo-psicodelismo. A música 'beatlemaniaca' é  "Sowing the Seeds of Love", o maior sucesso do álbum. A balada "Woman in Chains", outro grande hit no mundo inteiro e 1º lugar no Brasil, contou com a participação especial de Phil Collins na bateria e Oleta Adams - que alcançou o sucesso graças ao seu descobrimento por Roland Orzabal, com quem divide os vocais nessa canção. "Advice for the Young at Heart, também foi outro single que teve bom sucesso nas rádios e no Brasil foi tema de novela global das 20 horas. Apesar do disco não ser superior ao anterior, mostrou uma banda com uma versalidade grande e é até mais romântico. Pareciam que estavam em um caminho certo. Por estas 3 canções, o álbum já vale bastante ser escutado. As outras faixas destaco também "Year of the Knife" e "Standing on the Corner of the Third World"  que são musicas bacanas com letras também legais. 4 Faixas bônus da versão relançada parecem mais músicas instrumentais onde posteriormente se teriam letras, mas que não foram finalizadas. Como por exemplo, "Tears Roll Down", que acabou sendo lançada finalizada posteriormente. Esta versão do álbum ainda é muito instrumental com muita batida e percussão.

Infelizmente, as tenções de Orzabal e Curt Smith, fazem este último abandonar a banda em 1991, e se mudar para NY, onde lançaria um novo álbum solo(com sucesso mediano) e colaborações com outros artistas. Foi 1º lugar no Reino Unido e 8° nos States, ainda ganhando boas posições em vários países do mundo.


Tears Roll Down (Greatest Hits 1982-1992) - (1992) - A coletânea lançada um ano após a partida de Smith, mas com os sucessos dos 3 álbuns do Tears For Fears. Se em 3 álbuns vc possui 3 singles de sucesso por álbum, estão 9 faixas, valem muito a pena, pois é o fino do pop/rock oitentista que se sustenta bastante. A única música inédita, é a bacana "Laid So Low (Tears Roll Down)", uma música inacabada do álbum anterior, inclusive foi lado B de "Sowing the Seeds of Love", e saiu na versão atualizada como bônus. No Greatest Hits, ela ganha vozes e letras, mas não tem a voz de Curt Smith, que já havia abandonado a banda. Uma ótima coletânea para quem começar a ouvir Tears for Fears. Bastante recomendável. Foi 2° lugar no Reino Unido e 53° lugar nos States...Eu tenho ela em CD na minha coleção particular.



Elemental (1993) - Primeiro álbum sem Curt Smith, com Orzabal assumindo tudo. Apesar de tudo, não é um álbum ruim, na verdade é um bom álbum, mas falta ali uma voz que conhecemos, né ? Apesar da voz de Orzabal ter dotes vocalicos maiores que Smith, a dualidade das vozes, era que fazia o Tears for Fears ser aquele sucesso da década anterior. Este álbum continua o flete com o pop progressivo, um pouco da new wave bem diluida e um casamento com o rock alternativo dos anos 90, o que faz dele bem interessante. O álbum também reflete a saída de Smith da banda, nas palavras e canções de Orzabal, um divórcio. Temos um single ótimo alias, que chegou bem as paradas, o que foi uma surpresa, mas foi a última vez que isto aconteceu, "Break It Down Again" , tocou nas rádios neste período. Alias continua até hoje no setlist da banda em seus shows.  "Elemental" e "Cold" também são duas músicas boas que seguram bem o álbum, se fossem por elas, valeria a pena escutar o mesmo. O restante são musicas mais ao estilo alternativo segurado pela voz de Orzabal. O álbum conseguiu chegar ao n° 5 no Reino Unido e não foi bem nos states, apenas o 45° lugar e desempenhos moderados em outras praças. 



Raoul and the Kings of Spain (1995) - Quarto álbum do Tears for Fears e segundo com apenas Roland Orzabal no comando, após a saída de Curt Smith. Obviamente que soa como um álbum solo do Orzabal, já que sem a presença de Smith neste álbum, fizeram os fãs torcerem o nariz durante seu lançamento, inclusive eu.  Mas por incrível que pareça, o álbum é muito bom , a voz de Orzabal é poderosa e seus timbres são característicos aqui. O álbum tem como tema recorrente as relações familiares e aprofunda sua própria herança espanhola. O título do álbum foi debatido já na década de 1980 como um possível candidato ao terceiro álbum da banda (que acabou se tornando The Seeds of Love). Raoul era originalmente o primeiro nome de Orzabal dado no nascimento antes de ser anglicizado por seus pais para Roland (Orzabal mais tarde deu o nome de "Raoul" ao seu primeiro filho, nascido em 1991). Tem muitas características que lembram bastante o Seeds of Love. Duas faixas que gostei bastante são logo as duas primeiras:  "Raoul and the Kings of Spain" e "Falling Down". Outra interessante, bem latina é "Los Reyes Católicos", podemos ouvir até um pouco de flamenco ao fundo. Outra faixa interessante é  "Me and My Big Ideas" com o retorno da vocalista  Oleta Adams, que participou de "Seeds of Love". Mas é claro, ainda falta ali uma pitada de Curt Smith, e talvez este álbum seria fantástico. Mas não é um álbum ruim. Infelizmente crítica e fãs fizeram deste álbum o menos vendido da banda. 41° no Reino Unido e 79° nos States...o álbum seguinte do Orzabal, preferiu definir como solo apenas, sem o nome da banda...Tomcats Screaming Outside lançado em 2001, na qual não terá review aqui.



Everybody Loves a Happy Ending (2004) - No começo de 2000, Curt Smith e Orzabal, se acertaram, deixaram as diferenças de lado. Então finalmente saiu um novo álbum de estúdio com o retorno de Smith ao lado de Orzabal.Isto foi lançado por um selo independente. Alias o nome do álbum é bem sarcástico que poderia ser traduzido como "Todo mundo adora um final feliz"... O álbum é bem diferente dos anteriores com Orzabal, apenas mas também não tem o mesmo impacto dos álbuns produzidos anos anos 80. Fica entre o pop rock e art rock em um som que seria uma emulação dos Beatles fase pós Rubber soul com R.E.M. dos anos 90. Talvez a faixa mais interessante seria "Secret World". Mas sinto falta da química vocálica que havia nos primeiros álbuns, não que o álbum seja todo ruim, ele é bom, mas até os álbuns que tem apenas o Orzabal, são melhores que ele. Então este retorno ficou devendo. Parece que Smith e Orzabal, resolveram acender uma fogueira na praia e cantar canções de amor e relembrar o Flower Power dos anos 60, com pensamentos vagos...A dualidade das vozes que haviam nos primeiros álbuns, não se fez muito presente neste novo álbum. Ficou em 46° lugar no Reino Unido (pior colocação na história da banda) e 46° nos States.



Rule the World: The Greatest Hits (2017) - Smith e Orzabal, após o fraco desempenho de 'Everybody Loves a Happy Ending', demoraram algum tempo para começar novo projeto. Enquanto a preparação de um novo álbum de estúdio continuava a passos lentos, eles lançaram esta nova coletânea em 2017, com seus grandes sucessos, incluindo músicas dos discos que Orzabal esteve sozinho e do último Everybody...Pra incrementar mais um pouco a coletânea, duas músicas novas,  "Stay" e "I Love You but I'm Lost" chegando a agendar uma turnê mundial entre 2018 a 2019, cancelada por problemas de saúde...e logo viria a pandemia. Tocaram inclusive no Rock in Rio de 2017. Os principais clássicos que fizeram o Tears for Fears um grande sucesso na década de 80 estão lá, mas isto já havia ocorrido também com a coletânea anterior, 

Tears Roll Down (92). Então aqui o que se sustenta também são as inéditas:  "I Love You but I'm Lost" co/escrito com  Dan Smith do Bastille, musica moderninha, mas sem muitas pretensões por assim dizer.  "Stay", é uma música do Curt Smith, na voz dele, bem lentinha...mas, não passa disto. Mas a coletânea tem também surpresas pra clássicos, "Mothers Talk" (U.S. remix) versão não superior a original mas foi a faixa produzida especialmente para o mercado americano, as vezes ficam mais abafadas. "Change" (radio edit), versão de rádio um pouquíssimas diferenças da faixa original do LP. "Pale Shelter" está erroneamente descrita como segunda versão de single, mas se trata da mesma versão do LP original. E ainda temos as melhores músicas dos álbuns sem Smith e com o retorno dele.  "Break It Down Again","Raoul and the Kings of Spain" e "Closest Thing to Heaven". Uma definição final, esta coletânea é um "Tears Roll Down -Greatest Hits" com esteroides, se posso definir isto. Chegou a 12° no Reino Unido e 87° lugar nos States...muito abaixo da primeira coletânea de 1992.



The Tipping Point (2022) - Demoraram 18 longos anos para que Orzabal e Smith resolvessem voltar ao estúdio para lançar um álbum inédito. Os últimos cinco anos de vida de Caroline, esposa do cantor e compositor Roland Orzabal, não foram fáceis. Alcoólatra, ela misturava bebida com remédios controlados. Como consequência, desenvolveu demência e a cirrose que a mataria em 2017. Orzabal acompanhou a esposa nessa angustiante via-crúcis. Atingido em cheio pelo drama, acabou ele próprio internado em uma clínica de reabilitação. Quando saiu, percebeu que Curt Smith, seu parceiro artístico de longa data no Tears for Fears, seria seu porto seguro para enfrentar a nova fase da vida. No primeiro álbum da dupla em quase vinte anos, o recém-lançado The Tipping Point, Orzabal canta sobre a tragédia com uma sinceridade desconcertante. “A vida é cruel, a vida é dura / A vida é louca, é louca, e então tudo vira pó”, diz a letra da faixa-título, escrita logo após a morte de Caroline...E então, o que esperar de um álbum destes ??? Não espera...escuta, pois é muito bom !!! Sim, Orzabal e Smith, abandonam o paz e amor do "Everybody Loves a Happy Ending", e partem para produzir um álbum bem maduro, seguro, com rock e eletrônica juntas seus melhores trabalhos desde "The Seeds of Love". Começa com "No Small Thing", uma canção bacana, passa pelo single de promoção, "The Tipping Point", uma música legal, mas que não é nem de longe a melhor do álbum, "My Demons" como se a banda quisesse  soar tipo Depeche Mode, e finaliza com "Master Plan" e "End of Night", duas músicas sensacionais de boa produção até acabar com "Stay", faixa presente na coletânea de 2017, mas aqui com uma roupagem mais pop. Então é o melhor Tears for Fears de volta ? Bom, o disco é ótimo, um dos melhores do ano (mesmo porque não precisa ser muito bom pra produzir qualquer coisa boa hoje), mas não é ainda a volta ao passado. Algumas músicas ainda soam com a dualidade antiga das vozes de Orzabal e Smith, outras nem tanto, mas o produto final é bem interessante e merece ser escutado. A recepção foi ótima, foi 2° lugar no Reino Unido e 8° nos States . Conseguiu bons frutos provando que a banda ainda pode continuar por um bom tempo...




Conclusão: O Tears for Fears é uma grande banda dos anos 80, conseguiram se manter na década com ótima música, não foram 'one hit only', tiveram vários sucessos, mas também tiveram uma crise interna que infelizmente rachou a banda...Orzabal levou o nome da banda em dois álbuns interessantes, mas que não conseguiram captura a essência original e Smith fracassou na carreira solo. Retornaram nos anos 2000, mas produziram pouca coisa, um álbum médio, mas agora em 2022, parece que finalmente conseguiram acertar os trilhos...e esperamos que os dois grandes nomes da banda, continuem assim por muito e muito tempo e façam novamente um grande som que os fizeram atingir o sucesso do passado.


Nota para banda :  4 de 5

Nota para Composições: 4 de 5

Banda tenta encontrar seu passado para voltar ao sucesso, é o atual momento do Tears for Fears no atual cenário fonográfico, ao mesmo tempo que tentam se encaixar com a juventude atual sem esquecer as lições do passado. 



sábado, 20 de agosto de 2022

Discografia completa revista - U2 - Parte I - (1980 - 1990)

 




O U2 é uma banda da Republica da Irlanda, formada em 1976 que possui até hoje a mesma formação original: Bono Vox (vocalista),  The Edge (guitarra, teclado e backing vocal), Adam Clayton (baixo) e Larry Mullen Jr. (bateria e percussão). Surgiram na Irlanda, em meio ao conturbado período do Punk e adotaram a postura do pós-punk com letra as vezes fortes ou sons melódicos muitas vezes com uma tendência bastante religiosa cristã e política, que arrebatou fãs no mundo inteiro. No meu caso, conheci a banda pela rádio que escutava em Belo Horizonte, por volta de 1986 e do álbum The Joshua Tree, seus clips sempre passavam nos programas de TV, como Clip Clip(Globo) ou FM TV(Manchete) ou Superspecial(Band). O nome da banda foi tirado de um avião espião americano usado durante a Guerra Fria.


BOY (1980) - 1° álbum da banda lançada pela gravadora britânica Island Records. Os temas comuns entre canções do álbum são os pensamentos e frustrações da adolescência. A música que abre o álbum, foi o segundo single da banda, "I Will Follow", que sobreviveu ao repertório grande da banda em shows, até hoje. Logo de cara da pra sentir os riffs de The Edge, com o baixo de Clayton e a bateria cadenciada quase militar de Larry, somando-se a isto a bela voz poderosa de Bono Vox, na qual sem ela e o carisma do vocalista, a banda não alcançaria o status que alcançou. As músicas seguintes, são praticamente desconhecidas pra mim, "Twilight" é uma boa música, mas a seguinte, "An Cat Dubh" é bastante poderosa, não sei o motivo de não ter feito sucesso posteriormente. Temos "Into the Heart", com uma balada que ganha bons resultados na voz de Bono e "Out of Control", na qual os riffs de The Edge, já denunciam a herança punk que a banda carrega... e isto vai seguindo nas outras músicas do disco, fazendo o álbum, uma estreia muito interessante e uma aposta acertada pela gravadora. Outra música que gostei, "Eletric Co", é uma balada poderosa. Então, o álbum tem a pegada boa pós-punk, não chega a ser nada sóbrio como Cure ou Joy Division, mas os acordes punks estão lá, mas as boas melodias também. Foi uma boa estreia. O álbum chegou a posição 52° no Reino Unido e 63° nos States, sendo que no seu país de origem, 13° lugar. Posições não muito animadoras, mas a gravadora estava apostando fichas de que a banda teria um futuro promissor. 

OCTUBER (1981) - 2° álbum de estúdio do U2. O álbum contou com temas espirituais, inspirados por Bono, The Edge e Larry Mullen Jr., associados em um grupo cristão chamado "Shalom Fellowship", que levou-os a questionar a relação entre a fé cristã e estilo de vida do rock and roll. O álbum parece seguir muito o caminho do anterior. Você consegue sentir a guitarra do Edge, o baixo do Clayton, a batida do Larry e a voz do Bono, mas achei que não teve uma evolução maior que o álbum anterior, é ainda uma banda amadurecendo, eles ainda estão no underground do pós-punk, esperando uma oportunidade maior de estourarem. Nesta época, a tendência do mainstream era formada por bandas com pegada pesada, Heavy Metal, Hard Rock ou bandas voltadas aos sintetizadores e new wave e suas vertentes do synthpop. O registro colocado uma ênfase na religião e espiritualidade, especialmente nas canções "Gloria" (com um latim no refrão de "Gloria, in te domine"), "With a Shout (Jerusalem)" e "Tomorrow". Sobre o álbum, Bono declarou em 2005: "Você pode imaginar o seu segundo álbum — o difícil segundo álbum — é sobre Deus?" Então é ainda uma banda cristã tentando atingir seus fieis fãs...Alias, deste álbum "Gloria" sobreviveu ao repertório de shows da banda. Música ótima e cativante. E existem músicas que são apenas instrumentais: "October", "Scarlet" e "Is That All?".  Ficou na posição 11° no Reino Unido (uma boa subida com relação ao álbum anterior) e 104° nos States (um mercado que precisa ser melhor trabalhado).

WAR (1983) - 3° álbum de estúdio do U2. O álbum chegou a ser considerado como o primeiro álbum abertamente político do U2, em parte por causa de canções como "Sunday Bloody Sunday" e "New Year's Day", bem como o título, que se origina da percepção da banda sobre o mundo na época; Bono afirmou que "a guerra parecia ser o tema para 1982". Então volta na capa o mesmo garoto de Boy, mas desta vez com cara de bravo. O Reino Unido estava saindo da Guerra das Malvinas com a Argentina e havia vários conflitos no mundo, principalmente em torno da Guerra Fria e a polarização (EUA X URSS). Então o álbum abre magnificamente com a música que se tornaria um dos maiores clássicos, "Sunday, Blood Sunday", pouco depois temos "New Year's Day", a minha música preferida da banda. Só estas duas já valem o álbum. As outras faixas, seguem uma banda tentando pegar uma batida mais poderosa, riffs punks e canções politizadas, talvez um dos álbuns até agora mais pesados. No final, as faixas "Surrender" e a bacana "40", deixam um pouco para um som mais suave e esperançoso.  O álbum foi descrito como a gravação onde a banda "transformou o pacifismo em uma cruzada". Eles não vieram pra brincadeira, e isto foi positivo. Atingiu em cheio o 1° Lugar no Reino Unido (destronando nada mais, nada menos que  Thriller do Michael Jackson). Nos States foi 12°. Foi um álbum marcante, pois a banda passou também a focar agora os EUA em uma grande turnê que gerou outro álbum bacana...

Under a Blood Red Sky (1983) - 1° álbum live do U2. O álbum é composto por gravações ao vivo de três shows da banda durante a War Tour de Colorado, em Boston, e na Alemanha. Em destaques do álbum, inclui a versão de "Sunday Bloody Sunday" (famosa por Bono introduzir com as palavras, "esta não é uma canção de rebeldia") e um animado b-side, "Party Girl".  Um vídeo que o acompanha, intitulado Live at Red Rocks: Under a Blood Red Sky foi lançado no ano seguinte. Ao contrário do álbum, o filme foi gravado inteiramente no exterior do "Red Rocks Amphitheatre" em 5 de junho de 1983. O desempenho da banda de "Sunday Bloody Sunday" do filme tem sido citado como uma dos "50 momentos que mudaram a história do rock n' roll". O mais bacana deste álbum ao vivo é pegar as principais músicas dos álbuns iniciais do U2, e exibir algo ainda melhor e mais marcante que suas versões de estúdio. Ao lado de Pink Floyd por exemplo, as músicas do U2, são muito mais ricas ao vivo do que nas suas versões originais, fazendo com que elas ganhem novas dimensões. "The Electric Co."  e "40" são duas faixas que ganham vidas novas ao vivo e são sensacionais. Este LP, mesmo que ao vivo, vale bastante para mostrar que Bono tem a plateia dos lugares onde canta nas mãos e a banda tem um direção segura ao vivo. Ficam em 2° lugar no Reino Unido e ...28° nos States..

The Unforgettable Fire (1984) - 4° álbum de estúdio, o primeiro com a produção de  Brian Eno e Daniel Lanois, que preparam o U2 para um outro patamar da música.  A banda queria um estilo musical diferente, seguido de uma batida mais dura que seu álbum de 1983, War. Os dois produtores ajudaram a banda a uma experimentação de mais música ambiente e um som abstrato. O resultado da mudança na direção na época da banda era a mais dramática. Eles abandonam de vez a incerteza do pós-punk e partem para experimentar e abraçar grandes audiências. Para agradar direto ao público americano na qual queriam conquistar, fazem duas músicas em homenagem a Martin Luther King, líder dos direitos humanos dos anos 60 e um dos guias de Bono Vox: "Pride (In the Name of Love)" e  "The Unforgettable Fire", que viraram dois hits do álbum. Ainda podemos destacar "Bad", sobre o vício de heroína.  "Wire", tem uma batida pesada legal, não conhecia, achei muito boa. "Elvis Presley and America" , "4th of July" e "MLK", são com temas especialmente americanos E eles acertam em cheio. É o melhor álbum de estúdio até agora e deixa a banda pronta para voos ainda maiores... Conseguem repetir o sucesso de Bad, 1° Lugar no Reino Unido e 12° nos States...


Wide Awake in America (1985) - E.P. entre álbuns do U2, gravação ao vivo de shows da banda. Ele combina duas performances ao vivo de músicas do grupo do álbum de estúdio de 1985, The Unforgettable Fire com dois b-sides da época, que tinha sido previamente disponíveis apenas no Reino Unido. Lançado apenas nos States e depois Japão. Relançado depois em 1990 para todo o mundo. O EP serve de consolo de espera para um próximo álbum do U2, que só seria lançado dois anos depois, mas deixa o "esquenta" para os americanos sentirem com um convite para o que vem ai...As duas primeiras faixas, são performances ao vivo em lugares diferentes do Reino Unido. Começa com "Bad", em uma versão um pouco abafada (algumas gravações de shows posteriores, são melhores trabalhadas), mas como é uma bela canção, tem muita vibração ocasionada pelos instrumentais da banda e a voz do Bono. Esta gravação é de um show  no National Exhibition Centre, em Birmingham, Inglaterra, em 12 de novembro de 1984, como parte da Unforgettable Tour. A música seguinte, "A Sort of Homecoming" é ao vivo do Estádio de Wembley, em Londres, Inglaterra em 15 de novembro de 1984, com um pouco de ruido. As duas seguintes são versões de estúdio, "The Three Sunrises", produzida por Brian Eno e Daniel Lanois, é um B-side muito bom , seria muito interessante a banda tocar esta música nas turnês. A seguinte, "Love Comes Tumbling", parece uma emulação de Bono com uma voz meio Bowie meio Brian Ferry, uma baladinha de amor. O EP chegou a 11° posição no Reino Unido e 37 nos States. Ainda vale a pena a escutada.


The Joshua Tree (1987) - 5° álbum de estúdio...U2, não quer desistir, quer tomar o mundo de assalto. Os álbuns anteriores foram apenas refresco para algo que estava por vir. O U2 assina contrato milionário que apenas grandes estrelas como Michael Jackson, Madonna ou Rolling Stones assinaram nesta época. Então se entrega de corpo e alma para criar seu melhor álbum...depois de 3 anos do último. Um álbum conceitual...O resultado é uma esperada obra-prima, da mesma forma que Beatles tem seu Sgt Peppers, e Pink Floyd o seu Dark Side of the Moon, o U2 tem em The Joshua Tree, seu mais importante álbum da carreira, um documento histórico que coloca a banda no panteão sagrado dos grandes da música. Novamente produzidos por Daniel Lanois e Brian Eno. Em contraste com o ambiente de experimentação do lançamento de seu álbum de 1984, The Unforgettable Fire, o U2 destinou um som mais cru e pulsante em The Joshua Tree, dentro dos limites das estruturas estritas das músicas. O álbum é influenciado pela música americana e música irlandesa, e retrata os sentimentos conflitantes de amor e ódio dentro dos Estados Unidos, com letras socialmente e politicamente conscientes embelezadas com imagens espirituais. Quando se fala neste disco, pode ter certeza, do começo ou fim, não tem música ruim ou mais ou menos. São muito bem executadas, escritas e várias delas fazem parte dos hits do U2. As 3 primeiras são clássicas:"Where the Streets Have No Name" , "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e "With or Without You". As seguintes continuam com um ótimo ritmo na qual o U2 abandona de vez o som pesado do Punk/Pós Punk e parte pra criar canções misturadas com blues e country americano. Letra sobre mães desesperadas, cristianismo (novamente), esperança em uma terra de oportunidades..."In God's Country" é outra maravilhosa junto com "One Tree Hill". O álbum colocou o U2 no topo, onde os Beatles estiveram um dia, 1° Lugar, no Reino Unido...1° Lugar nos States, e 1° Lugar em várias partes do mundo. Um álbum simplesmente maravilhoso.

Rattle and Hum (1988) - 6° álbum de estúdio e também com faixas ao vivo da turnê do grandioso The Joshua Tree ao mesmo tempo que serviu de trilha sonora para o filme de cinema lançado no mesmo ano(igual os Beatles faziam nos anos 60), com um documentário da turnê do U2 pelos EUA, o que leva todo projeto também como conceitual. Este álbum continua a pegada anterior, da busca da banda de conquistar a América. O filme  mostra toda a saga da banda na turnê americana, uma verdadeira 'way of life' para a banda, incluindo visita a Graceland, terra do Elvis, encontro com músico de rua, cover dos Beatles,"Helter Skelter", pegando de volta a música roubada pelo psicopata, Charles Manson, um pouco de Jimmy Hendrix,"The Star Spangled Banner", e até um inusitado encontro do U2 com o mestre do Blues, B.B.King,"When Love Comes to Town" em uma fantástica parceria. É fenomenal. Se o objetivo era ser superior ao Joshua Tree, a banda consegue com louvor. Bono Vox, cada vez mais messiânico, fazendo pregações pelos direitos humanos, contra o racismo, o  apartheid na África do Sul. E o álbum surpreende bastante, temos três músicas novas da turnê que são executadas até hoje, virando clássicas:  "Desire", "Angel of Harlem" e "All I Want Is You".  Até o The Edge, se arrisca em uma canção, a fabulosa "Van Diemen's Land", a voz dele chega a ser tão boa quanto a do Bono. Os clássicos antigos ao vivo ??? Sim, mas de albuns anteriores a The Joshua Tree, pra não ser apenas um álbum repeteco live, "I Still Haven't Found What I'm Looking For" (com o coro do coral negro do Harlem de NY) e "Pride (In the Name of Love)" com direito a uma  homenagem a Martin Luther King Jr. Chego a dizer que o álbum foi tão bom, que supera The Joshua Tree e é meu álbum preferido do U2. Assim como o anterior, 1° Lugar no Reino Unido e nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. O U2 estava no topo e ninguém tirava eles de lá. Bono Vox e a banda poderiam fazer qualquer coisa agora.


U2 -The Best of 1980-1990 (1990) - Primeira coletânea de peso do U2. Mostrando porque foram a principal banda dos anos 80. Para fechar a década de 80 com chave de ouro, o U2 nos presenteia com esta coletânea dupla com os melhores sucessos e raridades/Lados Bs de singles. Talvez seja uma melhor maneira de se começar a escutar o U2 e escutar o que ele tem de melhor (em verdade eu recomendo os três últimos álbuns da década: The Unforgettable Fire , The Joshua Tree e Rattle and Hum). As faixas não estão dispostas em ordem cronológicas de lançamento, pois as músicas acabam sendo atemporais. Ao todo são 3 músicas do álbum Boy, uma do War, uma do Octuber, 3 do The Unforgettable Fire, 3 do The Joshua Tree e 3 do Rattle and Hum. Um presente desta coletânea é a inédita faixa: "Sweetest Thing", uma baladinha despretensiosa, na qual Bono finalizou após alguns anos, como um pedido de desculpas a esposa por estar ausente estes anos todos de sucesso. O clip é bem interessante, mas a música não é assim tão fantástica.  Mas o álbum é duplo, e o disco 2 temos as grandes surpresas que fazem esta coletânea indispensável. Os grandes lados Bs: "The Three Sunrises" (The  Unforgettable Fire), "Spanish Eyes" (The Joshua Tree), a demo original de "Sweetest Thing" (The Joshua Tree), "Love Comes Tumbling" e "Bass Trap" (ambos do The  Unforgettable Fire) e algumas surpresas como covers: "Dancing Barefoot" (original da Patti Smith), "Everlasting Love" (famosa na voz da cantora tecnopop alemã, Sandra),  "Unchained Melody" (famosa canção do filme Ghost, originalmente gravada pelos Righteous Brothers e posteriomente pelo Elvis Presley). E as versões de estúdio do The Joshua Tree que viraram lados B's e posteriormente foram para trilha ao vivo do Rattle and Hum : "Walk to the Water", "Luminous Times (Hold on to Love)","Hallelujah Here She Comes", "Silver and Gold","Endless Deep" e mais um bônus ao vivo com umas brincadeiras: "Trash, Trampoline and the Party Girl". Vale a pena comprar então esta coletânea ? Bom, o disco 1 são dos álbuns conhecidos, mas o disco 2 são todas versões conhecidas apenas dos singles e raridades nunca vistas. Então vale muito !!! Esta coletânea foi 1° lugar no Reino Unido e 2° lugar nos States...só sucesso .


Conclusão: O U2, foi um fenômeno mundial. Vieram da pobre e castigada Irlanda, cresceram dentro dentro do disputadíssimo mercado britânico (que já desconfiam de irlandeses), conquistaram a Europa, arrasaram nos Estados Unidos, resgatando inclusive a música americana de qualidade e que origem ao rock como o Country, Rhythm and blues e o velho rock e dominaram o mundo e quase toda a década de 80...foram a banda principal desta década, como Beatles e Pink Floyd lideraram nos anos 60 e 70. Bono se tornou um ativista humanista para várias causas de toda o Planeta Terra, a banda ganhou fãs que tornaram o U2 quase como uma religião . Mas as letras são politizadas, cristãs, humanistas e de protesto...



Nota para banda :  5 de 5

Nota para Composições: 5 de 5

Tudo perfeito. Banda Evolution  !!!


A banda continuou seu reinado na década seguinte, mas isto será tema de um futuro post, para cobrir o período a partir dos anos 90 e novo século...