Melissa Mathison ( 1950 - 2015 ) |
Se o cineasta norte-americano, Steven Spielberg, é o pai
de "E.T. - O Extra-Terrestre", então podemos dizer que a roterista
que escreveu o filme, Melissa Mathison, era a mãe da criatura que encantou o
mundo em 1982, e que se tornou por um tempo a maior bilheteria da história do
cinema. Infelizmente no último dia 04 de Novembro, ela faleceu depois de uma
longa batalha contra o cancer, aos 65 anos de idade.
Melissa nasceu em Los Angeles, California, Estados Unidos
em 03 de Junho de 1950. Seu pai, Richard Randolph Mathison, foi um importante
jornalista e chegou a ser diretor-chefe do jornal Newsweek, sua mãe, Margaret
Jean (née Kieffer) Mathison, também foi uma escritora ligada a gastronomia.
Após o segundo grau, entrou para a University of California, Berkeley e como
sua família era amiga do cineasta Francis Ford Coppola, Melissa chegou a ser
baba dos filhos dele. Foi Coppola que deu a Melissa Mathison seu primeiro
emprego no cinema, ao ser contratada como assistente de produção do filme
"O Poderoso Chefão - Parte 2" (1974), que a forçou a abandonar a
faculdade por um período.
Melissa Mathison com o ator Henry Thomas durante as filmagens de "E.T. o Extra -Terrestre" (1982) |
Foi também Coppola que a encorajou a desenvolver o
roteiro do filme "O Corcel Negro" (1979), filme que fez um relativo
sucesso na época e mostrava a história de um jovem naugrafo e um cavalo e que
teve o próprio Coppola como produtor. O filme chamou a atenção do jovem
cineasta Steven Spielberg que convidou Melissa para escrever uma estória sobre
extra-terrestres. Nascia ai o filme: "E.T. - O Extra-Terrestre"
(1982), o nome original do projeto era "A Boy’s Life". O filme foi
escrito por Melissa com ajuda das ideias de Spielberg, durante as filmagens de
"Caçadores da Arca Perdida", na qual a roteirista acompanhou a produção,
devido a seu envolvimento romántico com o ator Harrison Ford. "E.T."
foi um grande sucesso de bilheterias dos anos 80 sendo indicado a 8 Oscares
ganhando 4 estatuetas, na maioria prêmios tecnicos, mas deu a Melissa a
oportunidade de ganhar uma indicação por melhor roteiro, o que acabou sendo a
única da carreira. Não só ao Oscar, mas nomeações também para o Bafta e o
Golden Globe.
O diretor Spielberg com Melissa fazendo ponta como enfermeira de uma cena cortada do filme "E.T. - O Extra-Terrestre" |
Escrito ao longo de oito semanas, seu roteiro tinha um
ouvido apurado para os padrões de fala das crianças, bem como um modo
totalmente desconhecido de comunicação para o seu visitante benevolente. Linhas
Gnomic como "E.T. telefona casa "ou" Seja bom ", se
tornaria mais tarde incorporado a cultura popular, passadas para outras
franquias que variam de Os Simpsons ou Shrek. Mathison também esboçou aparição
de ET em detalhes, descrevendo seus longos braços finos, pescoço telescópico e
o coração que iluminavam em momentos dramáticos.
Spielberg, Melissa e o ator Harrison Ford durante as filmagens de "Caçadores da Arca Perdida"(1981). |
Spielberg lembra durante as filmagens de
"Caçadores" do envolvimento de Melissa: " Eram quase 50°C
(deserto da Tunísia), e todo mundo estava infeliz e olhando para terminar essa
parte do filme. Quando eu descobri que ela era a pessoa que escreveu "O
Corcel Negro ", eu imediatamente pensei que ela seria a pessoa certa para
escrever esta história que eu estava chutando por anos. Assim, entre as cenas
de filmagem, nós fazemos longas caminhadas e eu ia tentando convencê-la a
escrever 'ET', e ela tentou-me convencer de que não era a escritora certa para
isto.Então tentei conversar Harrison Ford, que a namorava na época, para incentivar
Melissa a escrever o filme, e ela então aceitou. "
"Eu não escrevi o roteiro; ela fez isto, mas nós
escrevemos a história juntos ", disse Spielberg. A frase 'E.T. Phone
House’ era criação dela. Nós nem sequer falamos sobre isso. Acabei de ler o
roteiro no primeiro esboço. Eu disse, 'Melissa, você está trabalhando para mim
ou para a AT & T? ", E ela disse,' Se o filme funcionar, a frase
estará indo para ficar. 'E ela estava certa." Ela recebeu uma indicação
para o Oscar de melhor roteiro, mas o prêmio foi para John Briley por
"Gandhi".
Melissa Mathison com então marido Harrison Ford durante premier do filme "E.T." em Londres (1982). |
As origens extraterrestres de seu personagem principal,
não obstante, Mathison considerava o script para ser uma obra de fantasia ao
invés de ficção científica. As batidas emocionais de sua história - em
especial, a relação entre os dois filhos e seu novo amigo - eram no foco o ar
de realismo mágico refletido no visual do filme. "Nós queríamos que [a
nave espacial] se parecesse com um enfeite de árvore de Natal", ela
lembrou. "É enferrujada e bonita e simples e as criaturas dentro dela são
pequenos jardineiros benevolentes".
"Eu sempre pensei em E.T. como alguem muito, muito
velho, e Steven, eu acho, sempre pensava nele como jovem", a roteirista
disse em entrevista ao The New York Times em 2002. " Nós estávamos lutando
para conseguir idéias sobre responsabilidade, sobre o amor incondicional, sobre
a desimportância da aparência e comunicação em um nível mais profundo. "
Depois de E.T., apesar de toda a fama ela nunca ficou
confortável com o escrutínio da mídia. Demorou algum tempo para escrever
novamente e raros roteiros. Em verdade, Spielberg encomendou pra ela um
roteiro-rascunho de uma sequencia de E.T. que acabou não saindo.
Sua amizade com Steven Spielberg e o sucesso por E.T. a
fez ser convidada pra desenvolver o segundo seguimento do filme "Twilight
Zone: The Movie" (No Limite da Realidade) em 1983, na qual também foi
direito pelo diretor e amigo.
Ela também escreveu os roteiros de "O pequeno
mágico" (1982), "A Chave mágica" (1995) e Kundun (1997).
Harrison Ford, Dalai Lama e Melissa Mathison (1990). |
Melissa Mathison conheceu o lider religioso budista,
Dalai Lama em 1990, cuja amizade rendeu o roteiro para o desenvolvimento do
filme "Kundun", filme dirigido por Martin Scorsese.
Outra curiosidade relacionada a Spielberg, foi Melissa
quem apresentou a Spielberg ao primeiro álbum de Tintim que o cineasta teve
contato. De acordo com a história que é contada, depois que o diretor lê uma
crítica que compara seu primeiro "Indiana Jones" a um tal de
"Tintin", fica curioso para saber do que se tratava. Melissa, então
esposa de Harrison Ford, havia trabalhado como babá para uma família francesa,
para ajudar a pagar seus estudos. Em contato com a família, ela consegue um dos
álbuns assinados por Hergé, cuja obra é totalmente desconhecida nos Estados
Unidos. Assim, Spielberg recebe de sua colega um exemplar em francês de "O
Caranguejo das Pinças de Ouro".
O contato de Spielberg com Tintim o levou a buscar os
direitos de adaptação da obra, e uma reunião com Hergé foi agendada. Mas, como
sabemos, o artista belga faleceu repentinamente, em 1983. O cineasta não
desistiu e, após negociar com a viúva de Hergé, encomendou um roteiro para uma
adaptação cinematográfica. Quem foi a responsável por escrevê-lo? Ninguém menos
que Melissa Mathison. Entre 1984 e 1985, ela entregou um script em que Tintim
enfrentaria comerciantes de marfim na África, aproximando a história do
polêmico álbum "Tintim no Congo".
Steven Spielberg aprovou o roteiro, mas algo deu errado.
"Por mais que eu tenha amado o roteiro de Melissa, eu não estava certo de
que havíamos interpretado Hergé a um grau que seria palatável para os fãs
raivosos ao redor do globo", disse ele ao THR, "e eu estava muito
envolvido em outros filmes, então deixei a opção solta". Spielberg teria
abandado o projeto para se dedicar a "Indiana Jones e a Última
Cruzada". Segundo se conta, parte das ideias de Mathinson foram usadas no
terceiro filme do arqueólogo aventureiro, estrelado por seu marido, Harrison
Ford.
Apenas em 2011, Spielberg deu sequência ao seu projeto
Tintim ao lançar o filme "As aventuras de TinTim".
Produtora Kathleen Kennedy, Steven Spielberg e Melissa Mathison na premier de E.T. (1982) |
Recentemente, Melissa Mathison estava desenvolvendo outro
roteiro para Spielberg, o projeto "O BFG", filme que será lançado em
2016, baseado no conto infantil de Roald Dahl, estrelado por Mark Rylance no
papel-título de o grande gigante amigo que desenvolve uma amizade com uma
menina. "Ela começou a trabalhar nele há cinco anos atrás, e tínhamos
trabalhado juntos intensamente durante os últimos 24 meses", disse
Spielberg. "Não apenas o script. Ela estava no set em Vancouver neste
verão, para fazer alterações. Foi um processo fluido, e esse é o jeito que ela
gostava. Ela gostava de epifanias. Ela gostava de me lançar algo que veio a ela
em seu sono na noite anterior. O filme evoluiu da maneira que 'ET' fez. Melissa
estava aberta a idéias espontâneas de todos. Ela era uma participante ativa e
ela ficou com todos no projeto até o fim. Ela era mais do que uma escritora.
Ela era mais como uma parceira. "
Em 1983, Melissa Mathison, casou oficialmente com o ator
Harrison Ford, na época, já consagrado astro do cinema por filmes como a
trilogia Star Wars, Blade Runner e Indiana Jones. O casal se divorciou em 2002
e tiveram dois filhos: o músico Malcolm Ford, 28, e a atriz Georgia Ford, 25.
Ela vivia entre Venice, California e Manhattan.
Melissa Mathison e o diretor Steven Spielberg durante a reunião de 20 anos do filme "E.T." em 2002 |
Melissa esteve no Brasil em 1998, junto com o então
marido Harrison Ford e seus filhos, para uma visita de Ford a uma instituição
em Salvador, Bahia. A família também voou no próprio avião particular pilotado
por Ford, para Bonito, no Mato Grosso do Sul em férias para conhecer a região
do pantanal.
Com seu falecimento, vários de seus amigos famosos vieram
a público expressar sua gradidão e lembrar da pessoa maravilhosa que Melissa
Mathison era:
Falando para a TIME, o diretor Francis Ford Coppola se
lembra dela como "uma bonita jovem magra, de 12 anos de idade, com um belo
sorriso", "Ela era exuberante e cheia de diversão. Seu apelido para
mim foi 'The Big Spaghetti'. Quando ela cresceu ela adorava escritores e
escrita, sabia muito e lia muito, e ela estava ansiosa para aprender, embora um
pouco tímida com relação às suas próprias habilidades. Senti que ela tinha
talento e incentivei-a a tentar com 'O Corcel Negro'. Essa história de um
menino e sua amizade com um cavalo tornou-se seu primeiro longa-metragem em
1979 e chamou a atenção de Steven Spielberg."
Steven Spielberg: "O Coração de incandescência do ET
era, de fato, Melissa. Ela deu um coração que brilhou com generosidade e
brilhou tão forte como o coração que ela deu a E.T.", “Melissa me entregou
este rascunho de 107 páginas e eu li em cerca de uma hora. Foi um nocaute em
mim. Era um roteiro que eu estava disposto a começar a filmar no dia seguinte.
Era tão honesto e a voz de Melissa fez uma conexão direta com meu
coração". "
O produtor Frank Marshall, apenas postou no twitter:
"É um dia, muito, muito triste. Descance em Paz, Melissa !"
Fontes:
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