quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Discografia completa revista - Talk Talk (1982 - 1998)





Uma banda bastante subestimada dos anos 80, que ficou conhecida mundialmente por um hit, "It's my Life" (regravada depois pela banda No Doubt), o Talk Talk foi for formada pelo vocalista Mark Hollis (1955 - 2019), um cantor excêntrico, guitarrista que tinha um jeito peculiar de cantar, parecendo que estava chorando mas que ao mesmo tempo transmitia uma emoção bastante diferente das bandas daquele período dos anos 80. Ele fundou a banda em 1981, no ano seguinte lançou seu primeiro álbum de um total de 5. Em 1991 a banda teve suas atividades encerradas, ele chegou a voltar em carreira solo, mas abandonou tudo pra viver com a família, até falecer em 2019, e seu legado passou a ser revisto. Completaram a formação da banda, Lee Harris (baterista), Simon Brenner(teclado) e Paul Webb (baixo).


The Party's Over (1982) - Este álbum debut do Talk Talk, foi produzido  Colin Thurston (ex-engenheiro de som de David Bowie e produtor dos primeiros álbuns do Duran Duran). Um álbum que desde a capa bacana, remete muito ao movimento New Romantic (na qual Depeche Mode, Duran Duran e Spandau Ballet, estavam inseridos no começo da carreira), um bom synthpop bem trabalhado com misturas de new waves, ophisti-pop e art pop, na qual os teclados eletrônicos criam um ambiente envolvente nas músicas. 

O álbum teve algumas músicas de sucesso pela Europa, Nova Zelândia, África do Sul, mas não conseguiu ser sucesso em casa, no Reino Unido. Apesar de tudo é bem interessante. Faixas muito boas, gosto de "Talk Talk" homônima da banda, "Today" é outra bom batida boa e refrão forte. "Have You Heard the News?" também merece seu destaque...



It's My Life (1984) - O segundo álbum do Talk Tallk, agora sem o tecladista Simon Brenner, que saiu após o primeiro álbum, aqui substituído por Tim Friese-Greene (não creditado como membro). Na verdade, um álbum melhor que o anterior, e desta vez, com um hit que conseguiu alavancar bastante as vendas, a faixa homônima, "It's My Life" , cujo clip na MTV, fez grande sucesso, uma década depois No Doubt e o grupo sueco Gigabyte regravaram com sucesso também. Outra música bem trabalhada, é  "Such a Shame", que foi TOP 10 em alguns países. "Dum Dum Girl", também teve uma leva boa de sucesso dentro da Europa. O álbum tem vários elementos do Synthpop, new wave, art pop e progressive pop. Aquele jeito peculiar e quase chorando do Hollis cantando, continua. Eu ainda gostei de "Renée" e "Tomorrow Started". 



The Colour of Spring (1986) - Lançando praticamente um álbum a cada dois ano, o Talk Talk lançou seu terceiro álbum, com uma nova guinada nas músicas. Deixando de lado o New Romantic e se distanciando da New Wave, mas abraçou mais o Progressive Pop e o Experimental Pop, com uma pegada mais jazzísticas nas músicas, somado ainda a forma de cantar de Hollis. O foco das músicas foi menos o synth pop, mas nas guitarras, pianos e órgãos em músicas como  "Life's What You Make It"( música muito boa), "Living in Another World"(melhor música do álbum) e "Give It Up" com um som muito mais orgânico do que seus discos anteriores, com a improvisação que dominaria em seus trabalhos posteriores já aparente no processo de gravação. A faixa final, mais melódica, tenta resgatar ainda um pouco de um syth new wave, "Time it's Time".

Então, podemos dizer que mesmo com a mudança musical da banda, ainda se consegue ter algumas músicas legais, mesmo que isto não seja visto na maior parte deste álbum. Ainda sim, vale uma escutada pelas músicas que citei.



Spirit of Eden(1988) - Quarto álbum...e a banda desencana de vez do synthpop...total. Seguindo a tendência do anterior, mas de forma mais radical, muitas vezes trabalhando no escuro, a banda gravou muitas horas de performances improvisadas que se basearam em elementos de jazz, ambiente, blues, música clássica e dub. Essas gravações de formato longo foram então fortemente editadas e reorganizadas em um álbum em formato digital. Uma mudança radical...e uma decepção comercial para seus fãs, que não gostaram do resultado...e eu inclusive achei bem fraco. Posteriormente em uma releitura tardia em tempos atuais, alguns críticos citam o álbum como um progenitor inicial do gênero pós-rock. Musicas com suítes longas e jazzísticas ... Talvez alguns poderão gostar como música de relaxar, mas a voz do Hollis, continua a mesma, com voz de choro em músicas lentas...Não consigo citar qual música é interessante....




Natural History: The Very Best of Talk Talk
(1990) - Coletânea da banda Talk Talk, mais uma imposição da gravadora EMI, do que desejo da banda que não tem qualquer supervisão e apoio de Hollis se dizendo contra lançar coletâneas. Destaque aqui para  "My Foolish Friend", lançado em single e que não está em nenhum álbum oficial. É apoiada bastante nos singles de sucesso dos 4 primeiros álbuns. Como a banda teve vida curta, serve de referência pra quem conhecer mais a banda. Vale bastante a pena.





Laughing Stock
(1991) - Quinto e último álbum de estúdio do Talk Talk, aqui reduzido a um duo, já que o baixista Paul Webb, abandona a banda no início dos anos 90.  Mark Hollis, corre quase totalmente para um álbum baseado em jazz ou um rock mais lento (um pós-rock com art rock) e no experimentalismo, as exigentes sessões foram marcadas pelas tendências perfeccionistas de Hollis e pelo desejo de criar uma atmosfera de gravação adequada, após este álbum, que teve baixa aceitação entre seus fãs e publico em geral, logo depois Hollis põe fim ao grupo. Mas teve vários críticos especializados na época que escreveram que o álbum era um divisor de águas para o gênero pós-rock na época de seu lançamento. Pitchfork nomeou-o o décimo primeiro melhor álbum da década de 1990, dizendo que "cria seu próprio ambiente e se torna mais do que a soma de seus sons". Mas escutando o mesmo, assim como o anterior, Spirit of Eden, ele soa como algo de despedida, muito centrado no piano e instrumentos acústicos e até a voz do Hollis, mesmo melancólica, deixa um pouco o lado de 'choro' que permeou a maior parte de sua discografia. Eu no meu ver, achei fraco. Não sei, talvez alguns acham mais relaxantes. Então foi uma boa hora de acabar com a banda...



Bonus:

 


Mark Hollis
(1998) - Primeiro e único disco solo de Mark Hollis, era pra ter sido um disco do Talk Talk, mas Hollis decidiu que seria apenas um trabalho seu(mesmo porque já nem tinha banda mais...). Alias, 7 anos separam este trabalho solo do anterior, fazendo que muitos pensassem que Hollis havia desistido da música. Em verdade ele começou um período de reclusão e ficar mais com a família após o quinto álbum do Talk Talk e quando teve vontade de gravar mais um álbum, foi depois de muito tempo. E seguindo a tendência desde Spirit of Eden e Laughing Stock, Hollis se desfaz totalmente de qualquer eletrônica e parte para algo acústico pianíssimo e jazzístico. Um som bastante minimalista. Assim, como o trabalho anterior, não é realmente minha praia. Dá pra ouvir como álbum pra relaxar se gostar de um ambiente sonoro intimista. Infelizmente, Hollis volta a dedicar totalmente a família, abandona a música (apenas algumas colaborações com outros artistas), ele chega a ir morar no Líbano e depois volta para a Inglaterra se estabelecendo no interior, onde veio a falecer prematuramente em 25 de fevereiro de 2019, aos 64 anos vitima de um câncer...


Conclusão: Bastante subestimada durante seu auge nos anos 80, talvez por causa da grande concorrência com grandes nomes da cena New Wave como Duran Duran, Tears for Fears, New Order, The Smith, Depeche Mode, Pet Shop Boys entre outros, alguns anos depois e principalmente após o falecimento de Hollis, veio uma consagração tardia por parte de publico e críticos...a banda não foi apenas "It's My Life ", seu single e maior sucesso e clip bastante executado na MTV e regravado pelo No Doubt. Muitos pensam que foi uma 'one hit only band', o que não é verdadeiro. A chance de se escutar todo a sua discografia, é uma grande oportunidade de conhecer muitas outras canções legais e também conhecer a ultima fase minimalista e jazzística que Hollis produziu. Creio que escutar uma coletânea é um bom começo.


Nota para banda :  3 de 5

Nota para Composições: 4 de 5

Muito mais do que "It's My Life "



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