quinta-feira, 30 de outubro de 2025

RETORNO A SÃO PAULO POR 24 HORAS - C6 FEST 2025 - Parte 2

C6 FEST - Ou como se fazer um festival bacaninha para um público deslocado..


O prato principal da minha ida a São Paulo, sem sombra de dúvidas foi para assistir ao C6 FEST 2025, no Ibirapuera. Depois de chegar da FAAP, ter algumas poucas horas de descanso, um banho reforçado, vestir o uniforme pro show, no caso a camiseta do AIR(evocando Moon Safari), que comprei na web a alguns meses atrás e por ser uma noite fria, São Paulo requer blusão e moletom...com a camiseta do AIR na frente...bora então pegar Taxi, já que o UBER me deixou na mão...

Cheguei na entrada 1 e 2 do Ibirapuera, em frente ao Obelisco, adentrei sem muvuca ou surpresa...o caminho rodeava o auditório, com sua entrada linda com luzes e holofotes no céu e no desenho lindo da arquitetura de Niemeyer que dá nome ao auditório com todo aquele ar mágico. Revista do segurança, registro do bilhete,  pulseira cashless carregada e o gramado em frente ao palco externo do auditório já estava tomado de gente. E aquele ambiente era bem selecionado, com várias personalidades, jornalistas, youtubers, deslocados, alternativos, todos ali pra ver o espetáculo que prometia. Vi muitas pessoas com camisetas do Pretenders, mas nada de AIR...só eu. O Parque Ibirapuera, com sua integração única entre natureza, arquitetura e agora música, foi o melhor lugar pra se fazer um festival.


É interessante notar que foram três estruturas de shows dentro do mesmo festival, sendo que um palco menor, serviu para o pessoal mais indie e novo, uma arena fechada serviu para o pessoal DJ e finalmente a área interna do auditório Niemeyer, serviu para os artistas de Jazz/Blues nos dois primeiros dias da semana, e o palco principal, que seria o palco externo do auditório se transformou no palco Heineken, com seu paredão superior ao palco servindo de um imenso telão, um espetáculo à parte. O palco Heineken era grande, possuía dois telões de alta definição nas laterais além é claro da projeção no paredão. 

A experiência no lugar não é inédita pra mim. 15 anos antes, esse mesmo palco e este mesmo gramado foi feita a exibição do filme restaurado "Metropolis" (1927) de Fritz Lang com orquestra ao vivo no palco e o filme projetado em cima da parede telão, um espetáculo aberto e sensacional ...e eu estava lá...Fiz o relato deste acontecimento aqui.

Depois da sequência, bebida, comida e banheiro, era hora de me acomodar praticamente a uns 20 metros do palco  no lado esquerdo e esperar. Um publico geralmente na faixa dos 40/50 anos, mas também jovens acompanhando pais (que belo gosto musical para compartilhar com os filhos) e o público seleto.



PRETENDERS

Apesar de shows sempre atrasarem, as 19:04, as luzes se apagam e subitamente os integrantes da banda Pretenders entram e lá na frente aquela senhora toda alegre de camiseta preta, jeans, bota, uma corrente prateada presa com um cadeado (espirito punk na veia) e jeitão roqueira, com seu cabelão moreno com sua guitarra, com rugas no rosto...mas muita disposição...Chrissie Hynde chegou...e com tudo !!!


Ela é a fundadora e a única remanescente da formação original, já que o baterista Martin Chambers aposentou a pouco tempo sendo substituído pelo competente Rob Walbourne, completam o time o excelente James Walbourn na guitarra (seu parceiro desde 2008) e Nick Wilkinson no baixo. No show atual não existe tecladista ou qualquer artifício de música eletrônica, só formação básica a "la Beatles". Um risco para plateias mais novas ? Não, se tratando da banda de Chrissie Hynde, que conserva sua voz de forma magnífica, com timbre e vocalização quase intactos. É como se a música dos álbuns estivessem sendo tocados ao vivo   sem alterações. Junto do guitarrista Walbourn, com seu ritmo rápido e riffs violentos, Chrissie encontra o apoio certo para em uma hora e pouco de show entregar os principais hits da carreira (principalmente todos aqueles que eu queria) : "Kids", "Back on the Chain Gang", "Don’t Get Me Wrong",  "Middle of the Road" e "Stand by you"), assim como outras faixas matadores do velho e bom rock'n'roll da banda, que encanta gerações a décadas...


No meio do publico nostálgico teve vários casais maduros e namorados juntinhos curtindo aquelas faixas que fizeram parte da história de suas vidas. Punk, rock, new wave, baladas, creio que foram umas 18 faixas, com o público muitas vezes fazendo coro, batendo palmas, agitado e pulando. Sim, também tinham muita gente que estavam ali só por estar, conversando, não ligando...mas isto acontece.


Com sua ótima interação de Chrissie Hynde e com publico dominado, arriscou algumas palavras em português, se dizendo 'paulistana, ou quase' (ela morou em São Paulo por volta de 2003), houve momento que ela jogou a gaita que ela tocou no fim de "Middle of the Road", para galera. Outro momento, guitarrista erra a entrada antes de "Time the Avenger", na qual ele fala que 'c@gou nesta', prontamente perdoada pela patroa Hynde. Ele mesmo deu show a parte com seus riffs enérgicos.


Ao final do show, ela agradece a todos pela noite e promete voltar em breve, saem do palco mas as batidas do show ficam ali ainda na cabeça por um tempo e é hora então de parte do público também ir embora e o lugar começa a se esvazia por algum tempo. Hora de sentar no chão um pouco para absorver e extravasar a emoção ali, pois o melhor da noite...ainda estava para chegar! Pretenders foi apenas o aperitivo..alias finalmente uma injustiça histórica minha sendo paga por finalmente ver os veteranos em ação... Obrigado Chrissie, obrigado Pretenders ! Mas a noite não acaba ali...


SETLIST




AIR - Moon Safari Tour



Em meia hora eu acho, o palco do Pretenders já estava todo desmontado e a equipe do AIR já estava agindo rápido. Sem poder levar o "palco-caixa" original da turnê da banda, optaram pela estrutura do Palco Heineken, montando sua bateria e conjunto de sintetizadores, além de ajustes na aparelhagem sonora e visual que estava escondido por trás. O interessante que esta estrutura toda é minimalista mas ao mesmo tempo grandiosa, já que o auditório externo da uma sensação de espaçamento maior e uma interação direta com o Parque do Ibirapuera, o público no gramado, as árvores ao fundo e o skyline da cidade com o Obelisco  ao lado e o céu cortado por luzes dos holofotes...uma união da arte, com a arquitetura, a natureza e o espaço...


Consegui chegar um pouco mais perto  do palco, assim que a galera do show anterior começou a sair. Devo ter ficado a 15 metros, e logo que levantei, uma turma de jovens de todas as idades começou a chegar. Fontes ligadas ao festival informaram que 13 mil pessoas estavam lá naquele momento ou mais um pouco. Mas não foi muvuca. Deu pra ver bem o palco com os músicos, que antes da turma entrar...mostrava um par de olhos femininos piscando (arte do single Kelly watch the Stars).


As 21:00, o AIR começa o show...com destaque para o telão de LED ao fundo passando imagens, jogo de luzes disparando flashs e cores e os primeiros acordes já começaram a tocar... O duo Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, junto com seu baterista de apoio, Louis Delorme, adentram o palco, quase de forma tímida, todos vestidos de roupas brancas, parecendo que iram ao réveillon e cada um seguindo para seu lugar... Logo Godin assumiu sua baia a direita do palco, com alguns synths e guitarra, Dunckel foi para o lado esquerdo com seu conjunto de sintetizadores (alguns vintage), com Delorme assumindo no centro com sua bateria e percussão. Senhoras e senhores, o AIR está no ar !!!


Ao contrário do Pretenders, na qual os dois telões laterais e o telão da parede transmitiam ao vivo o que estava acontecendo no palco, para o AIR, isto foi feito apenas para os dois telões laterais, o principal ficou sendo como uma extensão da tela LED da banda que ficava ao fundo e que em muitos casos replicava os gráficos transmitidos. Isto fazia uma interação multimídia com o público aliado ao jogo de luzes do palco, uma verdadeira viagem espacial lúdica e dimensional...


Não é surpresa ou spoiler, já que a turnê é dedicada ao álbum Moon Safari, então eles tocaram exatamente a sequência do disco, abrindo com "La Femme d'argent", seguida pelo maior sucesso da banda logo de cara..."Sexy Boy" com direito ao macaquinho do clip, 'viajando' algumas vezes no telão de LED atrás da banda. Não precisava nem dizer que a gente cantava com força o refrão...com os pulmões cheios... As músicas seguem e a quarta é "Kelly Watch the Stars" outro single de sucesso cantada pelo público com direito a gráficos imitando um telejogo dos anos 70...finalmente a viagem chega ao fim na 10° canção, "Le Voyage de Pénélope", quando os membros se retiram do palco...mas as luzes não se apagam...Importante dizer que até aqui, as músicas do álbum "Moon Safari" foram tocadas na integra e na ordem, mas com algumas poucas variações, alterações ou improvisações, sem mexer com a estrutura original delas, algo que o AIR não fazia anteriormente nos shows desde que começaram lá no final do milênio passado...


A interação da banda com público foi pouca, mas apenas Godin, falava para plateia com alguns 'obrigados' e 'merci beaucoup!'. O fato é que ele é casado com a brasileira Ira Travisan, que foi baixista da banda Cansei de Ser Sexy(CCS) dos anos 2000. Ira estava escondida atrás do palco nos bastidores.


O prato principal já havia sido servido, agora era hora da sobremesa, pois ainda tinham meia hora de show para o público extasiado por mais...o lance era saber se muito mais coisas iriam ser tocadas, já que festival tem limite de tempo...O retorno da banda foi rápido. Seguiu-se uma sequência matadora , com 5 faixas apenas começando com "Vênus" abrindo, seguida da maravilhosa "Cherry Blossom Girl", que o público já pedido em coro no intervalo e com o grand finale a kraftwerkiana "Don't Be Light", com direito ao refrão exibido em letras grandes no telão... AIR dá seu adeus, um abraço dos membros e um agradecimento conjunto...e a banda se despede do palco...mas por vários minutos as pessoas ainda ficam ali, paradas no gramado, com imagens do olhos femininos de "Kelly Watch the Stars" novamente exibidas no telão até as luzes serem completamente apagadas e as pessoas saírem do transe psíquico onde estavam neste sensacional show.


Posso dizer que  as músicas ao vivo do AIR, com todos aqueles efeitos multimídia do show, são uma passagem direta para um outro universo sensorial e a escolha do repertório final com as 5 faixas restantes também nos levava mais além daquele universo e quando acabou, ficava aquela sensação estranha de perda sensorial momentânea igual a um transe. Tínhamos a sensação de Tempus fugit (como se o tempo parasse). As imagens gráficas, variavam bastante, que poderiam ir desde cores abstratas, a chuvas de estrelas, viagens galácticas, gráficos antigos de games e até fogos de artifício.  Tinha momentos que parecia que estávamos dentro do filme "2001 - Uma Odisseia no Espaço" em uma viagem dentro do monolito negro... Os músicos, que foram também alunos de arquitetura, são fãs declarados do nosso herói brasileiro, Oscar Niemeyer (1907-2012) e não poderia ter tocado em lugar melhor, já que tanto o auditório do Ibirapuera (que tem o nome oficial do arquiteto), quanto o parque, vieram das mãos do gênio da arquitetura nacional e mundial.



Depois da apresentação e do meu transe, saí do gramado ainda com muita gente parada ali e fui embora com o dever cumprido...era mais uma noite pra ser lembrada e guardada pra sempre.


SETLIST














Com Pretenders e AIR, completei 11 shows internacionais no meu currículo !!! E tudo começou alias, com um dos precursores da música eletrônica, Kraftwerk lá por volta de 1998.


Pontos positivos do C6 FEST:

Entrada e saída facilitada sem muvuca e com seguranças.

Muito bem sinalizado.

Segurança.

Banheiros, bem organizados, grandes e não as porcarias químicas que eles costumam colocar em eventos públicos. Sem muita gente pra sair e entrar com acesso fácil também a lavatórios.  E obviamente limpos.

Bebida era fácil e rápido, vc pegava um copo, usando a pulseira pagava e pegava a bebida. Rápido e fácil

Área de food trunck boa, com várias opções, então peguei uns tacos pois não queria me demorar muito.

Sem área VIP na frente. Quer ver o artista de perto ? chega cedo !!!


Pontos negativos do C6 FEST:

Ao pegar a comida, notei algo chato...não tinha lugar pra sentar na área de alimentação... mas tinha os bancos dos parques que são poucos, então ficava aquela disputa pra sentar...

Notei que os copos do patrocinador de cerveja, não eram copos temáticos do festival. Fiquei frustrado com relação a isto, pois pra mim, eles são como troféu do evento pois deveria ter o nome do festival e os artistas escritos, que nem foi do POPLOAD 2018 quando vi o inesquecível Blondie(veja como foi aqui). Era apenas um copo (menor que o do Popload mas curiosamente, o mesmo patrocinador de cerveja). Só tinha o logo da empresa de chopps e mais nada. Colecionador gosta de colecionar estas exclusividades.

Mapas e informações poderiam ser distribuídas para o público na entrada, ficou apenas aquela divulgação via online nas redes sociais e site oficial, mas seria uma boa ter algo em mãos, alguma coisa que poderia ser guardado com as informações dos artistas etc.

Excessos de youtubers/influencier gente ligado a cultura e música...como convidados...tipo vc paga um ingresso caro e este povo que as vezes nem vê o show direito, ganha de graça...

Preço nada agradável, né ?

 

obs: A primeira parte deste artigo pode ser lido aqui...





terça-feira, 2 de setembro de 2025

RETORNO A SÃO PAULO POR 24 HORAS - ANDY WARHOL POP ART EXPO - Parte 1

     Um resumo rápido desta 'Unidade de Carbono'...Em 2019, após 20 anos morando na 'Paulicéia Desvairada' ou como eu amo chamar, 'Sampa', o destino deu uma virada para mim, voltei com a família para o interior de Minas, no caso, escolhi Uberlândia, por ser uma cidade jovem, vibrante, polo de desenvolvimento no interior do Brasil, com tradições interiorana e vontade de metrópole e perto das raízes familiares. A cidade estava vivendo uma nova experiência cultural, com uma produtora nova que estava trazendo atrações internacionais do naipe de um New Order, Scorpions, Slash (do Guns) e novas promessas de shows como Roger Hudgson (do Supertramp) e futuras novidades...mas nem tudo foi flores...houve uma virada de sorte...para o azar, e a verdadeira face 'ruim' da cidade se voltou pra mim...A pandemia de COVID 19 chegou, junto com ela veio a frustração...o emprego foi perdido...contas aumentaram, e até o promoter de grandes shows...foi embora. Então bateu a nostalgia da vida paulistana no peito neste período sombrio...até um novo emprego veio...mas infelizmente foi ilusório... os boletos não paravam de chegar.  Uma tentativa de se adaptar a uma nova profissão no mercado imobiliário com promessas de ganhos que nunca chegavam e mais frustrações...não gosto de usar a palavra 'ódio', mas o sonho de vida melhor igual a que tinha em Sampa, foi ficando para trás...


Então a cerca de um ano, um novo emprego...uma vida um pouco melhor e a vontade de dar voos mais altos. Veio o anúncio em setembro de 2024, que uma das mais queridas bandas de música eletrônica, os franceses do AIR, estavam vindo ao Brasil para um show da turnê do lendário álbum "Moon Safari" lançado a mais de 25 anos, para um festival bacana, chamado C6 Fest, no Ibirapuera em Maio de 2025. Depois de tanta frustração havia uma oportunidade única de ver algo que podemos considerar histórico.

Minha história com o AIR, começou quando estava morando na cidade de Oxford(Reino Unido), para o aperfeiçoamento de inglês. Eu lembro em várias ocasiões após as aulas matutinas, a parte da tarde era dedicada a visitas ao centro histórico da cidade, que culminavam nas duas lojas de discos famosas: a HMV  e a Virgin Megastore, que curiosamente ficavam uma do lado da outra. O Reino Unido estava vivendo um novo período de uma safra boa de bandas legais. Oasis, Blur, Velvet, liderando o britpop  e com duas bandas da cidade se destacando no mainstrem: Supergrass e Radiohead. Ao se adentrar estas lojas de discos, sempre dava pra ouvir os singles novos da semana. Um certo dia, uma destas músicas me chamou a atenção...soava como eletrônica antiga meio Kraftwerk, mas com ar mais moderno, que parecia ter sotaque francês e um refrão viajante que ficava batendo na cabeça e não saia nunca...era "Sexy Boy", queria saber que artista era aquele, e descobri que eram os então desconhecidos franceses do AIR. Eles estavam lançando um álbum debut chamado "Moon Safari" e o clip que passava nas lojas mostrava em forma de desenho o duo viajando a lua em uma velha Combi Volks levando um macaquinho de pelúcia com uma camiseta escrita, "I Love NY". Quando escutei "Moon Safari" na loja, descobri outras músicas viajantes de uma eletrônica retrô montada em synths vintages que remetiam aos antigos filmes de ficção científica. Eu logo identifiquei que os jovens artistas, bebiam não só de influências como Kraftwerk, Jarre, Vangelis, como também da música mais 'kitcher', românticas francesas e até a nossa bossa nova. Eu amei aquilo ali de imediato...quando voltei ao Brasil a primeira coisa que fiz foi comprar este álbum e ficar horas escutando e viajando...

O AIR (cujo nome é uma abreviatura Amour, Imagination, Rêve (em português, 'Amor, Imaginação e Sonho')), veio com uma proposta na contramão do groove eletrônico do período...eles simplesmente se despiram do bate-estaca que reinava na música EDM desde o final dos anos 80, e se voltaram as raízes e experimentalismo que marcaram este ritmo entre os anos 70/80, sem soar meio velho ou datado apostando no sentimentalismo e no retro futurismo que permeavam a música 40 anos atrás, hoje esquecidas pelas gerações vindouras. O AIR acabou conquistando a galera, pois após os jovens saírem das baladas technos, o álbum "Moon Safari" era escudado como uma forma de relaxamento muscular e sonoro.

Ao longo dos anos, tentei acompanhar a banda e seus álbuns seguintes, mas eles nunca conseguiram chegar a perfeição de "Moon Safari", apesar de apresentar outros hits e bons trabalhos que incluíam trilhas sonoras (Sofia Coppola que o diga).

Os anos foram passando e por duas ocasiões o AIR veio a São Paulo para shows enquanto eu morava lá. Em 2010, após anos de espera, vieram tocar no Jockey Club de S.Paulo no festival Natura Nós e alguns anos depois em 2016 no Popload Gig na Audio Club. Em ambas ocasiões, acabei não podendo assistir aos ídolos. E foi realmente algo amargo, pois lendo na imprensa o sucesso destes shows, o sentimento de frustração foi ainda maior...

Assim, a confirmação do AIR no C6 Fest, não foi apenas única...a surpresa viria meses depois quando o festival anunciou o line-up completo...que incluía também os lendários: Pretenders e Nile Rodgers com sua banda Chic...Com apenas um fato ruim que Chic não iria tocar no mesmo dia que eles. Mas a boa notícia era que Pretenders e AIR iriam tocar no mesmo dia: 24/05, um sábado ...

Minha história com o Pretenders alias, é meio doida...vamos dizer que os hits "Back on the Chain Gang", "Don't get me wrong" e "I stand by you", nunca saíram do meu playlist durante anos, apesar de nunca ter sido muito fã da banda. Muito das músicas eram rock-punk sem synths, e eu curtia mais as bandas synthpop. Mas a medida que crescemos e evoluimos, nos deixamos absorver pelo som mais punk e pesado e baladas clássicas rock e após comprar uma coletânea no meado dos anos 90, passei e escutar a banda e descobrir coisas novas e legais e admira-los mais...

Em 2003, após longo período sem vir ao Brasil, a banda resolveu dar as caras por aqui no antigo Credicard Hall de S.Paulo. Nesta época não me importei muito de ver a banda...mas me arrependi depois...isto por causa de um fato surreal que aconteceu comigo. Eu estava saindo do meu serviço onde trabalhava, no Ed.Itália, perto da Praça da Republica. Estava desanimado por ter trabalhado até tarde as 20:00 ...então ali na entrada do prédio...quem parou do meu lado ? Chrissie Hynde e Martin Chambers os dois únicos membros fundadores do Pretenders e mais alguns amigos. Eu não acreditei que estava ao lado de uma lenda do rock, fiquei mudo, queria dizer algumas coisas em inglês para Chrissie, mas não consegui. Ela estava falando sobre as luzes da cidade em volta, que amava aquilo tudo para os amigos. O tempo passou, Chrissie veio solo para shows de...bossa nova...e depois o Pretenders veio para abrir os shows do Phil Collins no Allianz em 2018, ambas oportunidades que deixei passar. E não esperava mais vê-los, já que havia me mudado para Uberlândia...

Agora com a confirmação do show do Pretenders, no mesmo dia do AIR, era pra mim a cereja do bolo para assistir este festival.

Então quando saiu a lista de preços, quase caí da cadeira, ingressos por volta de R$ 800,00 mais taxa de 'inconveniência', não tive outra opção a não ser conseguir uma carteirinha de estudante, de forma legal (sim, fiz um curso gratuito do governo que meu deu direito a ter a carteirinha), depois foi planejar a viagem, pois o show seria em um sábado, facilitando um bate volta. Hotel, passagem, mandei até fazer camiseta para o evento especial. Escolhi uma estampa do AIR. Tudo dividido em cartão para não impactar. E tudo isto incluindo transporte (Metrô, UBER, taxi), alimentação etc, o custo final não sairia por volta dos R$ 1.000,00... agora era só esperar o dia chegar (pois ele estava a alguns meses de distância).

E é bom lembrar que esta "Unidade de Carbono" não visita Sampa a pelo menos...5 anos...E Saudade era que não faltava. O planejamento foi para apenas um dia, pois no seguinte era pra retornar a Uberlândia, então surgiram duas oportunidades para serem realizadas na parte da manhã, já que o ônibus chegaria muito cedo...deixar as coisas no hotel e partir para a FAAP, onde estava sendo realizada a mostra internacional de Andy Warhol, o artista que definiu o século XX com sua Arte Pop, na oportunidade de conseguir ver alguma coisa referente a Debbie Harry, vocalista do Blondie, minha paixão pessoal e amiga de longa data do artista. E se desse tempo, uma visita ao MASP e seu novo prédio e acesso para ver a exposição de Claude Monet que também estaria acontecendo no mesmo período... parecia tudo bem planejado, pois a data já estava se aproximando...mas como nem tudo é um mar de rosas...

Chegou o dia da viagem, uma sexta-feira a noite, saída programada as 21:00 com chegada prevista às 7:00 da manhã do dia seguinte...mas não fui tão fácil assim... no horário previsto o ônibus não chegou...nem meia hora depois, nem uma hora depois e nem depois...o que deixou os passageiros na espera bastante irritados. Só chegou/partiu de Uberlândia as 00:50.. e infelizmente atrasou meu dia, pois o ônibus acabou chegando ao Terminal Tietê as 11:40 da manhã. Deixei as coisas no hotel e fui para FAAP, já tendo em mente que a visita ao MASP eu teria que cancelar, devido ao tempo escasso. Antes um almoço no Shopping Paulista, ver algumas lojas rapidamente e partir para a FAAP, usando Metrô e UBER...

FAAP - Exposição "Andy Warhol - Arte Pop !"

Virei uma Pop Art....

Dentro da Faap já é um espetáculo a parte, o pátio externo é grande e cheio de obras de arte modernas e a entrada do imenso hall é cheio de estatuas e esculturas de arte barroca. A exposição do artista Andy Warhol(1928-1987), ocupa duas imensas salas e é realmente grande e impressionante, isto está sendo divulgado como a maior expo do artista fora dos EUA. Para quem é fã é imperdível. Ele foi um artista que trabalhou com diferentes tipos de arte como pintura, escultura, fotografia, vídeo, exibições multimídias, o cara era incrível. Seu atelier era chamado de "Factory" (Fabrica). Ele muitas vezes foi convidado para redesenhar marcas americanas famosas como as latas de tomate Campbell. Ele foi amigo de muita gente famosa e influente e tinha como parte de seu passatempo artístico tirar fotos polaroides de celebridades e tentar recriar estas pessoas com suas obras sejam em  quadros, posters etc, sempre dando um certo "ar" Pop a elas. Então a expo além de exibir suas gravuras e pinturas, também tem suas famosas Polaroids, vídeos da TV Warhol, até uma arte multimídia e tanta coisa que a gente realmente se perde lá. 


Já estive em duas exposições anteriores do Warhol, uma só de Polaroids e outra multimídia, mas nada é comparado a esta nova. Imperdível pra quem é fã de arte moderna, fã do século XX e fã da cultura pop, pois ele a elevou a status de arte !

Pra quem é fã do Blondie como eu, foi um deleite descobrir entre várias coisas sobre eles, como um quadro com a imagem da Debbie Harry que ele criou, ponto obrigatório para fotos de fã, ou as sequências de fotos Polaroides que ele tirou da Debbie para criar sua ArtePop, ou também a capa da revista Interview com a imagem da Debbie, a camiseta BAD que ela também já vestiu e na parte de vídeo, trechos do Warhol TV na qual ela participou algumas vezes.   


Mas nem só de Blondie vive o homem né ? Existem fotos bacanas do Pelé, que Warhol disse ser o maior atleta do mundo e que teria muito mais que 15 minutos de fama, mas 15 séculos...fotos de Stallone, Schwarzenegger, Lisa Minelli, Joan Collins, Elizabeth Taylor e é claro, a icônica foto de Marilyn Monroe, um dos maiores ícones do século XX, alias, como todo mundo ali.

Sua "Factory" continua muito viva nesta mostra. Imperdível !!!



continua em novo post...