quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"LES AVENTURES EXTRAORDINAIRES D'ADÈLE BLANC-SEC" ou "AS MÚMIAS DO FARAÓ"



Um título nacional estragando tudo

Como um título nacional pode destruir um filme bacana. Nossas produtoras nacionais, principalmente as independentes, deveriam aprender a lição de saber mais informações sobre o produto que irão lançar no país antes de cometerem erros grosseiros. Este é o caso do ultimo filme do diretor/produtor, Luc Besson, a quem eu considero o mais hollywodiano dos diretores franceses. Em seu currículo estão filmes como "Subway"(1995),"Imensidão Azul"(1988),"Nikita"(1990), "O profissional"(1994), "O quinto Elemento"(1988) e "Joana D’arc"(1999) só pra citar o mais famosos. Sucesso nos dois lados do Atlântico.
Seu novo filme, "LES AVENTURES EXTRAORDINAIRES D’ADÈLE BLANC-SEC", ganhou o estúpido título nacional de "AS MÚMIAS DO FARAÓ", da produtora IMAGES FILMES. Durante o ano, entrei em contato com a produtora argumentando que o título nacional iria acarretar muitos problemas no país, principalmente porque o filme é uma adaptação dos quadrinhos franceses, cuja personagem principal, "Adèle Blanc-Sec" é muito famosa nas tiras e quadrinhos não só da França, como do resto da Europa. E também, porque segundo a idéia de Luc Besson, é lançar uma série com a personagem com novos filmes, talvez uma trilogia. Isto poderia ser um fator decisivo para manter o nome da personagem no título nacional, nem que fosse "Adele", como foi o caso do lançamento do filme na Ásia: "Adele: Rise of the Mummy". O pessoal da produtora Images argumentou que o nome seria mantido, pois as pessoas iriam ver um filme de Luc Besson, e não um filme da Adèle Blanc-Sec. Um erro enorme. Muitos críticos têm elogiado o filme no Brasil, após a estréia, mas criticam sempre o nome do filme. Não foi por falta de avisar...

Quem é Adèle Blanc-Sec

Adèle Blanc-Sec, é uma personagem dos quadrinhos franco-belgas, criado pelo artista francês Jacques Tardi em 1972, quando a personagem foi introduzida pela primeira vez nas estórias do personagem Lucien Brindavoine para a antologia em quadrinhos Pilote. Ganhou as tiras do jornal francês Sud-Ouest em sua primeira aventura, em 1976. No mesmo ano, Tardi conseguiu lançar o primeiro álbum da personagem, "Adèle et la bête" e ao longo dos anos foram mais nove álbuns, o último em 2007 "Le labyrinthe infernal". Tardi é considerado um dos maiores quadrinistas franco-belgas ao lado dos já famosos Hergé (criador de Tin Tin), Morris (criador de Lucky Luke), René Goscinny (criador de Asteríx)e Moebius (Inkal), quadrinistas que fizeram história no mundo dos quadrinhos francofônicos.
A personagem Adèle é uma repórter e escritora, é uma heroína cínica e vive correndo o mundo em busca de novas aventuras. Vive na França em uma época um pouco antes da I Guerra Mundial, conhecido como Belle Époque, que foi uma época de cultura cosmopolita onde houve profundas transformações culturais que se traduziram em novos modos de pensar e viver o quotidiano. Época em que o misticismo e a ciência andavam quase juntas. Estes quadrinhos infelizmente não foram lançados no Brasil e tem pouca divulgação em outros mercados como Ásia ou Estados Unidos.

O filme




A adaptação dos quadrinhos para o cinema foi roteirizado, produzido e dirigido por Luc Besson, em uma superprodução francesa onde foram gastos mais de US$ 42 milhões, com trilha sonora do já habitual compositor Eric Serra. Os efeitos especiais são um ponto alto do filme onde não houve economia nenhuma. Para o papel de Adèle, Besson apostou em uma nova promessa francesa, a bela atriz e ex-mulher do tempo da TV francesa, Louise Bourgoin. O filme foi bem recebido em Cannes, onde foi lançado em Abril de 2010 e fez uma carreira de sucesso dentro da França, que em apenas uma semana, já havia sido visto por mais de 640 mil espectadores.




No filme, a heroína Adèle Blanc-Sec, poderia ser definida como uma mistura de Indiana Jones de saia com Tin Tin. Mas, comparações a parte, a heroína possui características o próprias, e o filme não se prende apenas na aventura, como também no humor com uma pitada de erotismo, o que não é muito usual em produções de Hollywood, por exemplo. Os personagens saídos diretos dos quadrinhos, pode parecer bastante caricatos, mas isto já é uma característica do diretor em seus filmes. A fantasia também está presente, já que um pterodátilo de mais de 100 milhões de anos volta a vida, então as Múmias, nem precisa dizer. Em resumo, conhecemos a bela Adèle, que vai ao Egito atrás de uma possível cura por meios de magia negra e lendas antigas, de sua irmã, que sofreu um acidente bobo, causado pela própria Adèle, em um jogo de tênis que a deixou catatônica. O filme termina em aberto com a heroína partindo para uma próxima aventura, o que deixa espaço para novas continuações, é claro, já prometidas por Besson. Quem venham mais.Pode não ser a melhor produção ou direção de Besson, mas está acima da média e irá agradar muita gente. Vamos ver qual a lambança em cima do título que a produtora irá fazer desta vez, "As múmias do Faraó II" ? Duvido !

Falhas no roteiro de um filme como este sempre existem, e as vezes a estória parece um pouco arrastada mais para o final e as piadas bastante repetitivas para muitos, mas isto é uma produção francesa e não americana, então iremos dar um pouco mais de crédito.

TRAILER NACIONAL:



Adèle é uma heroína homo-sapiens em evolução ! 3 1/2 de 5 !