terça-feira, 2 de setembro de 2025

RETORNO A SÃO PAULO POR 24 HORAS - ANDY WARHOL POP ART EXPO - Parte 1

     Um resumo rápido desta 'Unidade de Carbono'...Em 2019, após 20 anos morando na 'Paulicéia Desvairada' ou como eu amo chamar, 'Sampa', o destino deu uma virada para mim, voltei com a família para o interior de Minas, no caso, escolhi Uberlândia, por ser uma cidade jovem, vibrante, polo de desenvolvimento no interior do Brasil, com tradições interiorana e vontade de metrópole e perto das raízes familiares. A cidade estava vivendo uma nova experiência cultural, com uma produtora nova que estava trazendo atrações internacionais do naipe de um New Order, Scorpions, Slash (do Guns) e novas promessas de shows como Roger Hudgson (do Supertramp) e futuras novidades...mas nem tudo foi flores...houve uma virada de sorte...para o azar, e a verdadeira face 'ruim' da cidade se voltou pra mim...A pandemia de COVID 19 chegou, junto com ela veio a frustração...o emprego foi perdido...contas aumentaram, e até o promoter de grandes shows...foi embora. Então bateu a nostalgia da vida paulistana no peito neste período sombrio...até um novo emprego veio...mas infelizmente foi ilusório... os boletos não paravam de chegar.  Uma tentativa de se adaptar a uma nova profissão no mercado imobiliário com promessas de ganhos que nunca chegavam e mais frustrações...não gosto de usar a palavra 'ódio', mas o sonho de vida melhor igual a que tinha em Sampa, foi ficando para trás...


Então a cerca de um ano, um novo emprego...uma vida um pouco melhor e a vontade de dar voos mais altos. Veio o anúncio em setembro de 2024, que uma das mais queridas bandas de música eletrônica, os franceses do AIR, estavam vindo ao Brasil para um show da turnê do lendário álbum "Moon Safari" lançado a mais de 25 anos, para um festival bacana, chamado C6 Fest, no Ibirapuera em Maio de 2025. Depois de tanta frustração havia uma oportunidade única de ver algo que podemos considerar histórico.

Minha história com o AIR, começou quando estava morando na cidade de Oxford(Reino Unido), para o aperfeiçoamento de inglês. Eu lembro em várias ocasiões após as aulas matutinas, a parte da tarde era dedicada a visitas ao centro histórico da cidade, que culminavam nas duas lojas de discos famosas: a HMV  e a Virgin Megastore, que curiosamente ficavam uma do lado da outra. O Reino Unido estava vivendo um novo período de uma safra boa de bandas legais. Oasis, Blur, Velvet, liderando o britpop  e com duas bandas da cidade se destacando no mainstrem: Supergrass e Radiohead. Ao se adentrar estas lojas de discos, sempre dava pra ouvir os singles novos da semana. Um certo dia, uma destas músicas me chamou a atenção...soava como eletrônica antiga meio Kraftwerk, mas com ar mais moderno, que parecia ter sotaque francês e um refrão viajante que ficava batendo na cabeça e não saia nunca...era "Sexy Boy", queria saber que artista era aquele, e descobri que eram os então desconhecidos franceses do AIR. Eles estavam lançando um álbum debut chamado "Moon Safari" e o clip que passava nas lojas mostrava em forma de desenho o duo viajando a lua em uma velha Combi Volks levando um macaquinho de pelúcia com uma camiseta escrita, "I Love NY". Quando escutei "Moon Safari" na loja, descobri outras músicas viajantes de uma eletrônica retrô montada em synths vintages que remetiam aos antigos filmes de ficção científica. Eu logo identifiquei que os jovens artistas, bebiam não só de influências como Kraftwerk, Jarre, Vangelis, como também da música mais 'kitcher', românticas francesas e até a nossa bossa nova. Eu amei aquilo ali de imediato...quando voltei ao Brasil a primeira coisa que fiz foi comprar este álbum e ficar horas escutando e viajando...

O AIR (cujo nome é uma abreviatura Amour, Imagination, Rêve (em português, 'Amor, Imaginação e Sonho')), veio com uma proposta na contramão do groove eletrônico do período...eles simplesmente se despiram do bate-estaca que reinava na música EDM desde o final dos anos 80, e se voltaram as raízes e experimentalismo que marcaram este ritmo entre os anos 70/80, sem soar meio velho ou datado apostando no sentimentalismo e no retro futurismo que permeavam a música 40 anos atrás, hoje esquecidas pelas gerações vindouras. O AIR acabou conquistando a galera, pois após os jovens saírem das baladas technos, o álbum "Moon Safari" era escudado como uma forma de relaxamento muscular e sonoro.

Ao longo dos anos, tentei acompanhar a banda e seus álbuns seguintes, mas eles nunca conseguiram chegar a perfeição de "Moon Safari", apesar de apresentar outros hits e bons trabalhos que incluíam trilhas sonoras (Sofia Coppola que o diga).

Os anos foram passando e por duas ocasiões o AIR veio a São Paulo para shows enquanto eu morava lá. Em 2010, após anos de espera, vieram tocar no Jockey Club de S.Paulo no festival Natura Nós e alguns anos depois em 2016 no Popload Gig na Audio Club. Em ambas ocasiões, acabei não podendo assistir aos ídolos. E foi realmente algo amargo, pois lendo na imprensa o sucesso destes shows, o sentimento de frustração foi ainda maior...

Assim, a confirmação do AIR no C6 Fest, não foi apenas única...a surpresa viria meses depois quando o festival anunciou o line-up completo...que incluía também os lendários: Pretenders e Nile Rodgers com sua banda Chic...Com apenas um fato ruim que Chic não iria tocar no mesmo dia que eles. Mas a boa notícia era que Pretenders e AIR iriam tocar no mesmo dia: 24/05, um sábado ...

Minha história com o Pretenders alias, é meio doida...vamos dizer que os hits "Back on the Chain Gang", "Don't get me wrong" e "I stand by you", nunca saíram do meu playlist durante anos, apesar de nunca ter sido muito fã da banda. Muito das músicas eram rock-punk sem synths, e eu curtia mais as bandas synthpop. Mas a medida que crescemos e evoluimos, nos deixamos absorver pelo som mais punk e pesado e baladas clássicas rock e após comprar uma coletânea no meado dos anos 90, passei e escutar a banda e descobrir coisas novas e legais e admira-los mais...

Em 2003, após longo período sem vir ao Brasil, a banda resolveu dar as caras por aqui no antigo Credicard Hall de S.Paulo. Nesta época não me importei muito de ver a banda...mas me arrependi depois...isto por causa de um fato surreal que aconteceu comigo. Eu estava saindo do meu serviço onde trabalhava, no Ed.Itália, perto da Praça da Republica. Estava desanimado por ter trabalhado até tarde as 20:00 ...então ali na entrada do prédio...quem parou do meu lado ? Chrissie Hynde e Martin Chambers os dois únicos membros fundadores do Pretenders e mais alguns amigos. Eu não acreditei que estava ao lado de uma lenda do rock, fiquei mudo, queria dizer algumas coisas em inglês para Chrissie, mas não consegui. Ela estava falando sobre as luzes da cidade em volta, que amava aquilo tudo para os amigos. O tempo passou, Chrissie veio solo para shows de...bossa nova...e depois o Pretenders veio para abrir os shows do Phil Collins no Allianz em 2018, ambas oportunidades que deixei passar. E não esperava mais vê-los, já que havia me mudado para Uberlândia...

Agora com a confirmação do show do Pretenders, no mesmo dia do AIR, era pra mim a cereja do bolo para assistir este festival.

Então quando saiu a lista de preços, quase caí da cadeira, ingressos por volta de R$ 800,00 mais taxa de 'inconveniência', não tive outra opção a não ser conseguir uma carteirinha de estudante, de forma legal (sim, fiz um curso gratuito do governo que meu deu direito a ter a carteirinha), depois foi planejar a viagem, pois o show seria em um sábado, facilitando um bate volta. Hotel, passagem, mandei até fazer camiseta para o evento especial. Escolhi uma estampa do AIR. Tudo dividido em cartão para não impactar. E tudo isto incluindo transporte (Metrô, UBER, taxi), alimentação etc, o custo final não sairia por volta dos R$ 1.000,00... agora era só esperar o dia chegar (pois ele estava a alguns meses de distância).

E é bom lembrar que esta "Unidade de Carbono" não visita Sampa a pelo menos...5 anos...E Saudade era que não faltava. O planejamento foi para apenas um dia, pois no seguinte era pra retornar a Uberlândia, então surgiram duas oportunidades para serem realizadas na parte da manhã, já que o ônibus chegaria muito cedo...deixar as coisas no hotel e partir para a FAAP, onde estava sendo realizada a mostra internacional de Andy Warhol, o artista que definiu o século XX com sua Arte Pop, na oportunidade de conseguir ver alguma coisa referente a Debbie Harry, vocalista do Blondie, minha paixão pessoal e amiga de longa data do artista. E se desse tempo, uma visita ao MASP e seu novo prédio e acesso para ver a exposição de Claude Monet que também estaria acontecendo no mesmo período... parecia tudo bem planejado, pois a data já estava se aproximando...mas como nem tudo é um mar de rosas...

Chegou o dia da viagem, uma sexta-feira a noite, saída programada as 21:00 com chegada prevista às 7:00 da manhã do dia seguinte...mas não fui tão fácil assim... no horário previsto o ônibus não chegou...nem meia hora depois, nem uma hora depois e nem depois...o que deixou os passageiros na espera bastante irritados. Só chegou/partiu de Uberlândia as 00:50.. e infelizmente atrasou meu dia, pois o ônibus acabou chegando ao Terminal Tietê as 11:40 da manhã. Deixei as coisas no hotel e fui para FAAP, já tendo em mente que a visita ao MASP eu teria que cancelar, devido ao tempo escasso. Antes um almoço no Shopping Paulista, ver algumas lojas rapidamente e partir para a FAAP, usando Metrô e UBER...

FAAP - Exposição "Andy Warhol - Arte Pop !"

Virei uma Pop Art....

Dentro da Faap já é um espetáculo a parte, o pátio externo é grande e cheio de obras de arte modernas e a entrada do imenso hall é cheio de estatuas e esculturas de arte barroca. A exposição do artista Andy Warhol(1928-1987), ocupa duas imensas salas e é realmente grande e impressionante, isto está sendo divulgado como a maior expo do artista fora dos EUA. Para quem é fã é imperdível. Ele foi um artista que trabalhou com diferentes tipos de arte como pintura, escultura, fotografia, vídeo, exibições multimídias, o cara era incrível. Seu atelier era chamado de "Factory" (Fabrica). Ele muitas vezes foi convidado para redesenhar marcas americanas famosas como as latas de tomate Campbell. Ele foi amigo de muita gente famosa e influente e tinha como parte de seu passatempo artístico tirar fotos polaroides de celebridades e tentar recriar estas pessoas com suas obras sejam em  quadros, posters etc, sempre dando um certo "ar" Pop a elas. Então a expo além de exibir suas gravuras e pinturas, também tem suas famosas Polaroids, vídeos da TV Warhol, até uma arte multimídia e tanta coisa que a gente realmente se perde lá. 


Já estive em duas exposições anteriores do Warhol, uma só de Polaroids e outra multimídia, mas nada é comparado a esta nova. Imperdível pra quem é fã de arte moderna, fã do século XX e fã da cultura pop, pois ele a elevou a status de arte !

Pra quem é fã do Blondie como eu, foi um deleite descobrir entre várias coisas sobre eles, como um quadro com a imagem da Debbie Harry que ele criou, ponto obrigatório para fotos de fã, ou as sequências de fotos Polaroides que ele tirou da Debbie para criar sua ArtePop, ou também a capa da revista Interview com a imagem da Debbie, a camiseta BAD que ela também já vestiu e na parte de vídeo, trechos do Warhol TV na qual ela participou algumas vezes.   


Mas nem só de Blondie vive o homem né ? Existem fotos bacanas do Pelé, que Warhol disse ser o maior atleta do mundo e que teria muito mais que 15 minutos de fama, mas 15 séculos...fotos de Stallone, Schwarzenegger, Lisa Minelli, Joan Collins, Elizabeth Taylor e é claro, a icônica foto de Marilyn Monroe, um dos maiores ícones do século XX, alias, como todo mundo ali.

Sua "Factory" continua muito viva nesta mostra. Imperdível !!!



continua em novo post...

Nenhum comentário:

Postar um comentário